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An Invincible Memory
This epic historical novel is an anti-history of the author's homeland, Brazil. The narrative follows two families - one of aristocrats, the other slaves - through many generations and vicissitudes.
Hardcover
First published January 1, 1984
111 people are currently reading
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Community Reviews
Displaying 1 - 30 of 75 reviews
January 7, 2023
Terminei a leitura me sentindo esmagado, atropelado pelo livro. O capítulo dedicado à cena da batalha na Guerra do Paraguai é algo que nunca vi tão bem executado em prosa de língua portuguesa, um misto de paródia, homenagem e emoção sincera na emulação de Homero, enquanto os orixás se envolvem em batalha lutando ao lado de seus filhos. Uma sequência emocionante, do qual Sérgio Rodrigues já fez umaexcelente análise dessa passagem aqui.
Aliás é um dos poucos livros brasileiros que leio que tem a intenção clara de ser verdadeiramente épico, no sentido homérico do conceito. Cada personagem parece resumir e simbolizar diferentes e sucessivas gerações de brasileiros desde a colonização até os tempos atuais da publicação do livro, e admiro a intensidade da raiva e da fúria concentrados no discurso de cada personagem.
Também parece um livro escrito ontem. Os personagens de elite, quando falam, denotam uma perversidade amoral atualíssima, de fato, seus diálogos poderiam ter sido ditos ontem por algum político ou empresário bolsonarista - um ódio irracional à tudo que seja brasilidade, uma visão de "povo" enquanto subclasse pelo qual sentem intenso desprezo e cujas vidas mal considerem humanas, um desejo intenso de ir embora do país e se tornar europeu. Incrível que isso tenha sido escrito e publicado em plena ditadura. Equilibrado, aos poucos, por um despertar de consciência e coletividade do povo que se torna uma defesa de si e da brasilidade.
Aliás é um dos poucos livros brasileiros que leio que tem a intenção clara de ser verdadeiramente épico, no sentido homérico do conceito. Cada personagem parece resumir e simbolizar diferentes e sucessivas gerações de brasileiros desde a colonização até os tempos atuais da publicação do livro, e admiro a intensidade da raiva e da fúria concentrados no discurso de cada personagem.
"Mergulhou a cabeça na escuridão de fora e, sem nada que lhe ocupasse a mente, tinha no rosto tanta maldade indiferente, tanta crueza e tanta ausência de bons sentimentos que sua baba, se caísse, poderia matar as plantas rasteiras e sua vontade era apenas a vontade de que tudo existisse para si, a vontade que não se pode bem distinguir da morte”.
Também parece um livro escrito ontem. Os personagens de elite, quando falam, denotam uma perversidade amoral atualíssima, de fato, seus diálogos poderiam ter sido ditos ontem por algum político ou empresário bolsonarista - um ódio irracional à tudo que seja brasilidade, uma visão de "povo" enquanto subclasse pelo qual sentem intenso desprezo e cujas vidas mal considerem humanas, um desejo intenso de ir embora do país e se tornar europeu. Incrível que isso tenha sido escrito e publicado em plena ditadura. Equilibrado, aos poucos, por um despertar de consciência e coletividade do povo que se torna uma defesa de si e da brasilidade.
"Não podia morrer sem lhe contar uma coisa, a qual, por sua vez, lhe dava a certeza de uma segunda coisa - que o povo pensa, o povo pulsa, que o povo tem uma cabeça que transcende as cabeças dos indivíduos, que não poderá ser exterminado mesmo que façam tudo para isso, como fazem e farão. E a primeira coisa de que tinha certeza era a respeito do Espírito do Homem.
- Não posso morrer antes de garantir que o povo brasileiro não está só. Não porque tenha aliados, pois só quem tem aliados são os governantes, mas em razão de uma causa comum a todos os homens, por mais que não pareça assim, mesmo porque o Mal existe. Mas o Espírito do Homem também existe, não como uma quimera, como algo inventado por necessidade. Tudo o mais se inventou por necessidade, e a única coisa que não se inventou por necessidade, embora seja a única que por necessidade existe, é o Espírito do Homem".
September 25, 2024
The soul of the Brazilian people is what this baroque fresco sings, a project that echoes the spirit of Garcia Marquez. Ribeiro's style, however, is a world of its own, a unique 'play' that captivates with the strength of its contrasts. He evokes the intricate lineages of enslaved people from Africa, their traditions, spirits, and rites, alongside those of the wealthy landowners who toiled this soil and yearned for a refined Portugal. His art is nourished by the elaborate history of his country, a history marked by fratricidal wars, invasions, especially that of the Dutch, enslaved persons or Indian revolts, marriage, and the desire for independence. In these chaotic narratives, Ribeiro discerns the soul of his country and the constancy of a Destiny, both sublime and grotesque.
Everyone is under the sway of souls, orixas, souls of cabocos (the first descendants of Europeans and Indians), perhaps even gods, who manipulate all destinies and are the progenitors of a violence that repeats itself endlessly. But in the Brazilian people, this influence also manifests as a popular joy with a devastating Dionysian humor that transforms into a 'magic' and Mystery of fundamental resistance.
Everyone is under the sway of souls, orixas, souls of cabocos (the first descendants of Europeans and Indians), perhaps even gods, who manipulate all destinies and are the progenitors of a violence that repeats itself endlessly. But in the Brazilian people, this influence also manifests as a popular joy with a devastating Dionysian humor that transforms into a 'magic' and Mystery of fundamental resistance.
December 14, 2018
Before the novel begins, we read these words on an otherwise blank page:
The secret of Truth is as follows:
there are no facts, there are only stories.
And psychology tells us that people are often resistant to changing their minds in the presence of facts, but are much more open and malleable toward stories. Magical realism, which this novel occasionally toys with, is as much about skepticism as it is about credulity. As the novel explains, “To know the truth and try to impose it on others, in a world where everything changes and is cloaked under all kinds of appearances, is a serious madness.”
An Invincible Memory. The title, although it rings nobly, must be ironic, if not outright oxymoronic. Perhaps similar to the novel’s original title, Viva o povo brasileiro (translated as Hail the Brazilian People).
“[Here], we have a novel of ideas told by a student of history, rather than a story told by a real storyteller,” wrote a careless hack in the New York Times in 1989. Additionally, the ‘reviewer’ claimed Ribeiro’s novel lacked the familial threads found in Cien años de soledad or La casa de los espíritus, while paradoxically asking for a family tree. There are in fact ancestral threads of multiple families, from slaves to knaves, peons to scions, many of which, if not all, cross over. And if they don’t always connect genetically or physically, then they do so psychically. Think Cloud Atlas. While this Brazilian (anti-)history is meandering over the course of its some 400 years, it’s because that is what most closely resembles reality: polyphonic and multi-linear at varied velocities while simultaneously finite and ouroboric.
The novel’s beginning had my brain titillated, tantalized, and tickled with its oxygenating sentences and at times alien vocabulary. The closest thing to a climax occurred quickly, on page 5, in which there is an extended metempsychotic passage that is part soul-journey and part reincarnate dissertation: “In Amoreiras, for instance, it is said that a special conjunction of cardinal points, equinoxes, magnetic lines, mental meridians, highly potent stellar influences, esoteric poles, alchemical-philosophical currents, attractions of the moon and of the fixed and errant heavenly bodies, and hundreds of other arcane forces all cause the souls of the dead to refuse to leave, and to continue moving about freely among the living, interfering in everyday life and sometimes making countless demands.” Reading it was, well, transcendent.
Not too long after the passage on/of souls, and a comic-horrific tale about a madman-turned-cannibal who fancies Dutch flesh (“Better game than this, so pale and translucent, solid but at the same time delicate to the touch and taste, firm yet soft, wholesome and savory, rare yet easy to hunt for—better game than this there has never been and there never will be…”), the novel hits a plateau in terms of style and content. We mostly live with the slaves and also with their slave masters. Vox populi against vox Dei. Although all lives, all souls, are illustrated and woven with a true storyteller’s care. And there is more: a group of death-defying and -inducing consumers of the puffer fish, a hunter of armadillos, a bird-whispering bastard of rebellion named Maria da Fe, and an overall zeitgeist of the oppressed planning to usurp their oppressors, including a poisoning that gives a hilarious depiction of scatological blockage. At one point, obscure African gods unite in order to aid their favored side in a war, controlling them Homerically and annihilating the enemy.
In the tradition of lists, which Ribeiro wonderfully indulges in from time to time, here is a list of words which were fairly foreign to me (ironic and humbling, considering they belong to my native tongue), and if anything I would have loved to see even more of this pleasurable verbosity (although there were plenty of esoteric/archaic words I was already privy to):
• Contubernium
• Phlogistic
• Riparian
• Canicular
• Secundines
• Poltroon
• Impavid
• Maieutic
• Nescient
• Rugosities
• Cacothanasia
• Intercalated
• Cozenage
• Niveous
• Stridulation
• Columboid
• Eburean
• Atramentous
• Contumely
• Paludal
• Exophthalmic
• Addlepated
• Trismus
• Plumbous
Overall, I wanted more of everything, and so I have another Ribeiro on the way.
I’ll leave you with this: “But, the blindman explained, history is not just the one that’s written in the books, if for no other reason than that many of those who write books lie much more than those who tell fairy tales. In the time of ancient Egypt, in King Solomon’s land, near the Queen of Sheba’s land, above the Jewish Kingdom, there was a great library, which contained all knowledge, called Alczander [sic]. So very well, one day this great library catches fire and all that knowledge goes up in smoke, with even the names of those who had more of that knowledge and had written the books kept there. Since that day it’s known that all history is false or half false, and each generation that arrives decides about what happened before it, and so book history is as invented as newspaper history, where you read so many lies that your hair stands on end.”
What is worse, false or forgotten history? Or are they the same?
The secret of Truth is as follows:
there are no facts, there are only stories.
And psychology tells us that people are often resistant to changing their minds in the presence of facts, but are much more open and malleable toward stories. Magical realism, which this novel occasionally toys with, is as much about skepticism as it is about credulity. As the novel explains, “To know the truth and try to impose it on others, in a world where everything changes and is cloaked under all kinds of appearances, is a serious madness.”
An Invincible Memory. The title, although it rings nobly, must be ironic, if not outright oxymoronic. Perhaps similar to the novel’s original title, Viva o povo brasileiro (translated as Hail the Brazilian People).
“[Here], we have a novel of ideas told by a student of history, rather than a story told by a real storyteller,” wrote a careless hack in the New York Times in 1989. Additionally, the ‘reviewer’ claimed Ribeiro’s novel lacked the familial threads found in Cien años de soledad or La casa de los espíritus, while paradoxically asking for a family tree. There are in fact ancestral threads of multiple families, from slaves to knaves, peons to scions, many of which, if not all, cross over. And if they don’t always connect genetically or physically, then they do so psychically. Think Cloud Atlas. While this Brazilian (anti-)history is meandering over the course of its some 400 years, it’s because that is what most closely resembles reality: polyphonic and multi-linear at varied velocities while simultaneously finite and ouroboric.
The novel’s beginning had my brain titillated, tantalized, and tickled with its oxygenating sentences and at times alien vocabulary. The closest thing to a climax occurred quickly, on page 5, in which there is an extended metempsychotic passage that is part soul-journey and part reincarnate dissertation: “In Amoreiras, for instance, it is said that a special conjunction of cardinal points, equinoxes, magnetic lines, mental meridians, highly potent stellar influences, esoteric poles, alchemical-philosophical currents, attractions of the moon and of the fixed and errant heavenly bodies, and hundreds of other arcane forces all cause the souls of the dead to refuse to leave, and to continue moving about freely among the living, interfering in everyday life and sometimes making countless demands.” Reading it was, well, transcendent.
Not too long after the passage on/of souls, and a comic-horrific tale about a madman-turned-cannibal who fancies Dutch flesh (“Better game than this, so pale and translucent, solid but at the same time delicate to the touch and taste, firm yet soft, wholesome and savory, rare yet easy to hunt for—better game than this there has never been and there never will be…”), the novel hits a plateau in terms of style and content. We mostly live with the slaves and also with their slave masters. Vox populi against vox Dei. Although all lives, all souls, are illustrated and woven with a true storyteller’s care. And there is more: a group of death-defying and -inducing consumers of the puffer fish, a hunter of armadillos, a bird-whispering bastard of rebellion named Maria da Fe, and an overall zeitgeist of the oppressed planning to usurp their oppressors, including a poisoning that gives a hilarious depiction of scatological blockage. At one point, obscure African gods unite in order to aid their favored side in a war, controlling them Homerically and annihilating the enemy.
In the tradition of lists, which Ribeiro wonderfully indulges in from time to time, here is a list of words which were fairly foreign to me (ironic and humbling, considering they belong to my native tongue), and if anything I would have loved to see even more of this pleasurable verbosity (although there were plenty of esoteric/archaic words I was already privy to):
• Contubernium
• Phlogistic
• Riparian
• Canicular
• Secundines
• Poltroon
• Impavid
• Maieutic
• Nescient
• Rugosities
• Cacothanasia
• Intercalated
• Cozenage
• Niveous
• Stridulation
• Columboid
• Eburean
• Atramentous
• Contumely
• Paludal
• Exophthalmic
• Addlepated
• Trismus
• Plumbous
Overall, I wanted more of everything, and so I have another Ribeiro on the way.
I’ll leave you with this: “But, the blindman explained, history is not just the one that’s written in the books, if for no other reason than that many of those who write books lie much more than those who tell fairy tales. In the time of ancient Egypt, in King Solomon’s land, near the Queen of Sheba’s land, above the Jewish Kingdom, there was a great library, which contained all knowledge, called Alczander [sic]. So very well, one day this great library catches fire and all that knowledge goes up in smoke, with even the names of those who had more of that knowledge and had written the books kept there. Since that day it’s known that all history is false or half false, and each generation that arrives decides about what happened before it, and so book history is as invented as newspaper history, where you read so many lies that your hair stands on end.”
What is worse, false or forgotten history? Or are they the same?
July 30, 2015
NITROLEITURAS: Viva O Povo Brasileiro (1984) – João Ubaldo Ribeiro – 673 pgs | Viva João Ubaldo Ribeiro!
Um dos melhores livros que já li na vida, uma leitura obrigatória para quem gosta de literatura de altíssima qualidade, coisa de obra prima mesmo, prosa estonteante, emoções fortes, mensagem mais forte ainda. E principalmente, a melhor e mais impressionante síntese-exposição literária da história brasileira pelo ponto de vista dos oprimidos, dentro de uma voz narrativa crítica e satírica. Estonteante e vital, fantástico por todos os ângulos. Uma coisa de doido, esse livro do João Ubaldo Ribeiro, coisa de doido divinamente inspirado!
SINOPSE
Viva o povo brasileiro é um romance histórico escrito por João Ubaldo Ribeiro e publicado em 1984. Obra que confirmou definitivamente o lugar de João Ubaldo Ribeiro entre os maiores escritores de língua portuguesa, “Viva o povo brasileiro” foi lançado treze anos depois de “Sargento Getúlio”.
Consagrado pela crítica e pelos leitores e considerado um dos mais importantes romances da literatura nacional, o livro se volta às origens do Recôncavo Baiano para recriar quase quatro séculos da história do país por meio da saga de múltiplos personagens. Nele, realidade e ficção se misturam para criar um épico brasileiro com passagens heróicas e cômicas, tendo como pano de fundo momentos decisivos para a história do país, como a Revolta de Canudos e a Guerra do Paraguai.
Apesar de ser baseado em fatos reais da história brasileira, como a ocupação portuguesa, a vinda da família real, o Estado Novo e a Ditadura, é uma narrativa com personagens fictícios.
A obra retrata cerca de 400 anos de história do país (se inicia em 1647 e vai até 1977), e boa parte do texto se ambienta na Ilha de Itaparica, apesar de no decorrer da trama outros cenários como Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, sejam visitados.
RESENHA
Já se falou e já se escreveu muito sobre Viva o Povo Brasileiro, é uma das obras-primas da nossa literatura, e ponto. Só registrarei aqui as minhas impressões, meu encantamento com essa obra. É tanta coisa embutida nesse livro, material para teses e mais teses literárias que não vou me dar ao trabalho de escrever, eu nem tenho tanto tempo assim, escritor é dose, nunca tem tempo para nada, cada texto escrito que não seja o trabalho atual, o work-in-progress, pesa na consciência.
Mas, tem sempre um mas, eu registro aqui no Nitroblog porque já estou ficando velho e gosto de reler minhas impressões dos livros, filmes e quadrinhos que li, o que me faz recordar da experiência da leitura (e da “assistitura” no caso dos filmes) e sentir novamente as emoções evocadas pelo texto.
Porque literatura é isso, por mais que se use a literatura para passar ideias racionais, opiniões, raciocínios, conclusões, o que importa mesmo, para mim, é a experiência emocional. É o que a gente sente.
E Viva o Povo Brasileiro é um daqueles livros que mexe demais, principalmente para nós, brasileiros. Mexe fundo, vai direto na veia, arregaça a essência hipócrita da nossa sociedade, uma essência que resiste à mudança, ou que talvez mude a passos de tartarugas anciãs com reumatismo e bolas de ferro amarradas nas pernas, a gente tem que ter fé em alguma coisa, não é mesmo?
A escrita do livro é um troço medonho em termos literários, bem ao estilo baiano, é e não é um romance histórico, é e não é um romance satírico, se situando em algum lugar novo criado por João Ubaldo (e que encontro muita ressonância com o fabulofantástico O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta de Ariano Suassuna), entre o romance histórico romântico e o realista, uma mistureba de cenas com ecos românticos, um realismo brutal por todos os lados mesmo quando conta e mistura lendas com história, com magia, com espiritualidade, com orixás discutindo sua participação na Guerra do Paraguai, etc. Um sambão maravilhoso!
A prosa muito poética e muito polida, dá para sentir as reescritas, as alterações infindáveis até chegar ao ponto certo. O humor é de uma sensibilidade que só vendo, os momentos catárticos de descer o cacete literário nos poderosos de sempre da nossa terra que tinha palmeiras e onde cantava o sabiá antes de ser morto pela poluição, é muita coisa maravilhosa. Meu vocabulário em português deve ter crescido uns trinta ou quarenta por cento só de ler esse livro.
E o que os críticos metidos a besta não contam é que o Viva o Povo Brasileiro é bão dimais de ler, não dá para parar, muito épico, com momentos de ação, com mistérios mágicos, e um ritmo invejável, muitas histórias, histórias variadas, de momentos variados, alterando até mesmo suas estruturas para corresponder com o momento; a parte mitológica ganha estrutura de narração mitológica estilo os melhores clássicos gregos, o começo do livro é um primor, quase um quadro transformado em uma narrativa literária com explosões pós-modernas em tangentes, indo e vindo na história brasileira. Isso com momentos bem cinematográficos, escritos de maneira direta e visual, com cenas, diálogos bem feitos, etc. etc.
Ah, chega, se você curte literatura de qualidade, leia. E é isso que tenho a dizer!
RECOMENADO PARA QUEM:
Curte literatura brasileira
Quer conhecer como funcionam, por dentro das almas, as forças históricas, culturais e sociais que deixam o nosso país do jeito que é
Quer ver a história do Brasil pelo ponto de vista de quem leva porrada o tempo todo,
Curte ver a hipocrisia brasileira sendo destroçada literáriamente
Curte uma prosa bem feita
Quer expandir o vocabulário do português
Quer se emocionar e encantar com o nosso povo
Quer conhecer um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos.
NITROLEITURAS: Viva O Povo Brasileiro (1984) – João Ubaldo Ribeiro – 673 pgs | Viva João Ubaldo Ribeiro!
Período de Leitura: 20.07.2015 a 29.07.2015
Onde Comprar:
Amazon:
Viva o povo brasileiro por João Ubaldo Ribeiro Viva o povo brasileiro por João Ubaldo Ribeiro
Link: http://www.amazon.com.br/dp/B00A3DE6B8
PRÓXIMA LEITURA:
NITROLEITURAS: Os Portões do Inferno (2015) – André Gordirro – 377 pgs
Depois de Viva o Povo Brasileiro, decidi colocar romance de estréia do André Gordirro, um romance de fantasia medieval adulta, inspirado em uma campanha de RPG do autor. O livro me foi enviado para a resenha, li o começo e gostei do texto, e como só resenho os livros que realmente gostei, aguardem a resenha em breve. Se você quiser saber mais, clique nesse link para o press release feito no Jovem Nerd .
Acho fantástico essa ebulição na literatura de fantasia brasileira, precisamos de muitas obras, de obras de qualidade, escritas com paixão e esforço, com o desejo de fazer o melhor. O André Gordirro tem grande experiência com tradução, é escritor profissional, traduz livros para a Leya, já traduziu para a Objetiva, é jornalista, e dá para ver essa segurança na escrita.
Depois de Os Portões do Inferno, de parece que vai sair em Agosto desse ano (e já estou escutando, “ e o seu Marca da Caveira hein? Quandé que sai, caray? e digo “Ano que vem, começo, com certeza!”, vou engatar duas leituras de thrillers, que é um tipo de literatura que tem muito tempo que não leio, para divertir e para analisar suas estruturas e técnicas narrativas, é claro, sempre, sempre faço isso.
Os dois livros, que os fóruns de viciadaços de thrillers me recomendaram, é o clássico dos clássicos Shibumi , escrito pelo Trevanian (o cara é considerado um monstro sagrado do thriller), e Satori romance-prólogo do Shibumi (ou prequela, como dizem os lusitanos) escrito pelo Don Winslow, outro monstro da literatura de crime e thriller, que conheci por meio do Warren “Authority” Ellis, que é seu fã incondicional!
E vamos ler porque ler é doidimais!
Um dos melhores livros que já li na vida, uma leitura obrigatória para quem gosta de literatura de altíssima qualidade, coisa de obra prima mesmo, prosa estonteante, emoções fortes, mensagem mais forte ainda. E principalmente, a melhor e mais impressionante síntese-exposição literária da história brasileira pelo ponto de vista dos oprimidos, dentro de uma voz narrativa crítica e satírica. Estonteante e vital, fantástico por todos os ângulos. Uma coisa de doido, esse livro do João Ubaldo Ribeiro, coisa de doido divinamente inspirado!
SINOPSE
Viva o povo brasileiro é um romance histórico escrito por João Ubaldo Ribeiro e publicado em 1984. Obra que confirmou definitivamente o lugar de João Ubaldo Ribeiro entre os maiores escritores de língua portuguesa, “Viva o povo brasileiro” foi lançado treze anos depois de “Sargento Getúlio”.
Consagrado pela crítica e pelos leitores e considerado um dos mais importantes romances da literatura nacional, o livro se volta às origens do Recôncavo Baiano para recriar quase quatro séculos da história do país por meio da saga de múltiplos personagens. Nele, realidade e ficção se misturam para criar um épico brasileiro com passagens heróicas e cômicas, tendo como pano de fundo momentos decisivos para a história do país, como a Revolta de Canudos e a Guerra do Paraguai.
Apesar de ser baseado em fatos reais da história brasileira, como a ocupação portuguesa, a vinda da família real, o Estado Novo e a Ditadura, é uma narrativa com personagens fictícios.
A obra retrata cerca de 400 anos de história do país (se inicia em 1647 e vai até 1977), e boa parte do texto se ambienta na Ilha de Itaparica, apesar de no decorrer da trama outros cenários como Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, sejam visitados.
RESENHA
Já se falou e já se escreveu muito sobre Viva o Povo Brasileiro, é uma das obras-primas da nossa literatura, e ponto. Só registrarei aqui as minhas impressões, meu encantamento com essa obra. É tanta coisa embutida nesse livro, material para teses e mais teses literárias que não vou me dar ao trabalho de escrever, eu nem tenho tanto tempo assim, escritor é dose, nunca tem tempo para nada, cada texto escrito que não seja o trabalho atual, o work-in-progress, pesa na consciência.
Mas, tem sempre um mas, eu registro aqui no Nitroblog porque já estou ficando velho e gosto de reler minhas impressões dos livros, filmes e quadrinhos que li, o que me faz recordar da experiência da leitura (e da “assistitura” no caso dos filmes) e sentir novamente as emoções evocadas pelo texto.
Porque literatura é isso, por mais que se use a literatura para passar ideias racionais, opiniões, raciocínios, conclusões, o que importa mesmo, para mim, é a experiência emocional. É o que a gente sente.
E Viva o Povo Brasileiro é um daqueles livros que mexe demais, principalmente para nós, brasileiros. Mexe fundo, vai direto na veia, arregaça a essência hipócrita da nossa sociedade, uma essência que resiste à mudança, ou que talvez mude a passos de tartarugas anciãs com reumatismo e bolas de ferro amarradas nas pernas, a gente tem que ter fé em alguma coisa, não é mesmo?
A escrita do livro é um troço medonho em termos literários, bem ao estilo baiano, é e não é um romance histórico, é e não é um romance satírico, se situando em algum lugar novo criado por João Ubaldo (e que encontro muita ressonância com o fabulofantástico O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta de Ariano Suassuna), entre o romance histórico romântico e o realista, uma mistureba de cenas com ecos românticos, um realismo brutal por todos os lados mesmo quando conta e mistura lendas com história, com magia, com espiritualidade, com orixás discutindo sua participação na Guerra do Paraguai, etc. Um sambão maravilhoso!
A prosa muito poética e muito polida, dá para sentir as reescritas, as alterações infindáveis até chegar ao ponto certo. O humor é de uma sensibilidade que só vendo, os momentos catárticos de descer o cacete literário nos poderosos de sempre da nossa terra que tinha palmeiras e onde cantava o sabiá antes de ser morto pela poluição, é muita coisa maravilhosa. Meu vocabulário em português deve ter crescido uns trinta ou quarenta por cento só de ler esse livro.
E o que os críticos metidos a besta não contam é que o Viva o Povo Brasileiro é bão dimais de ler, não dá para parar, muito épico, com momentos de ação, com mistérios mágicos, e um ritmo invejável, muitas histórias, histórias variadas, de momentos variados, alterando até mesmo suas estruturas para corresponder com o momento; a parte mitológica ganha estrutura de narração mitológica estilo os melhores clássicos gregos, o começo do livro é um primor, quase um quadro transformado em uma narrativa literária com explosões pós-modernas em tangentes, indo e vindo na história brasileira. Isso com momentos bem cinematográficos, escritos de maneira direta e visual, com cenas, diálogos bem feitos, etc. etc.
Ah, chega, se você curte literatura de qualidade, leia. E é isso que tenho a dizer!
RECOMENADO PARA QUEM:
Curte literatura brasileira
Quer conhecer como funcionam, por dentro das almas, as forças históricas, culturais e sociais que deixam o nosso país do jeito que é
Quer ver a história do Brasil pelo ponto de vista de quem leva porrada o tempo todo,
Curte ver a hipocrisia brasileira sendo destroçada literáriamente
Curte uma prosa bem feita
Quer expandir o vocabulário do português
Quer se emocionar e encantar com o nosso povo
Quer conhecer um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos.
NITROLEITURAS: Viva O Povo Brasileiro (1984) – João Ubaldo Ribeiro – 673 pgs | Viva João Ubaldo Ribeiro!
Período de Leitura: 20.07.2015 a 29.07.2015
Onde Comprar:
Amazon:
Viva o povo brasileiro por João Ubaldo Ribeiro Viva o povo brasileiro por João Ubaldo Ribeiro
Link: http://www.amazon.com.br/dp/B00A3DE6B8
PRÓXIMA LEITURA:
NITROLEITURAS: Os Portões do Inferno (2015) – André Gordirro – 377 pgs
Depois de Viva o Povo Brasileiro, decidi colocar romance de estréia do André Gordirro, um romance de fantasia medieval adulta, inspirado em uma campanha de RPG do autor. O livro me foi enviado para a resenha, li o começo e gostei do texto, e como só resenho os livros que realmente gostei, aguardem a resenha em breve. Se você quiser saber mais, clique nesse link para o press release feito no Jovem Nerd .
Acho fantástico essa ebulição na literatura de fantasia brasileira, precisamos de muitas obras, de obras de qualidade, escritas com paixão e esforço, com o desejo de fazer o melhor. O André Gordirro tem grande experiência com tradução, é escritor profissional, traduz livros para a Leya, já traduziu para a Objetiva, é jornalista, e dá para ver essa segurança na escrita.
Depois de Os Portões do Inferno, de parece que vai sair em Agosto desse ano (e já estou escutando, “ e o seu Marca da Caveira hein? Quandé que sai, caray? e digo “Ano que vem, começo, com certeza!”, vou engatar duas leituras de thrillers, que é um tipo de literatura que tem muito tempo que não leio, para divertir e para analisar suas estruturas e técnicas narrativas, é claro, sempre, sempre faço isso.
Os dois livros, que os fóruns de viciadaços de thrillers me recomendaram, é o clássico dos clássicos Shibumi , escrito pelo Trevanian (o cara é considerado um monstro sagrado do thriller), e Satori romance-prólogo do Shibumi (ou prequela, como dizem os lusitanos) escrito pelo Don Winslow, outro monstro da literatura de crime e thriller, que conheci por meio do Warren “Authority” Ellis, que é seu fã incondicional!
E vamos ler porque ler é doidimais!
September 20, 2015
Basicamente, o que tenho a dizer é que não dá pra falar sobre esse livro. Só pedir muito pra que todos leiam.
February 16, 2017
Depois de uma maratona, terminei a releitura desse livro que no ano passado se tornou meu livro favorito. Eu já esperava que seria uma releitura maravilhosa, mas não imaginava que seria tão fantástica quanto a primeira leitura. Esse é, definitivamente, um livro que merece todas as releituras possíveis. Muito obrigado, João Ubaldo.
Read
January 26, 2009Esse foi um livro cuja leitura eu posterguei por um bom tempo. Era para ter sido lido em Literatura Brasileira Contemporânea, mas só o foi ao fim do meu mestrado. Enfim.. espetacular.. pra dizer o mínimo.. a fluidez da narrativa do João Ubaldo é sensacional. Mesmo com tantos personagens, tantos eventos.. a história flui com uma ginga baianamente cativante. Vemos a construção de símbolos emblemáticos para uma elite gorda, preguiçosa e mentirosa, assim como de um povo resistente e lutador. Além de trafegar muito bem pela história do Brasil, João Ubaldo representa refinadamente seus personagens, fazendo-os caricaturais, mesmo quando cruéis e fazendo-os heróis mesmo quando derrotados. Imperdível...
June 16, 2019
Uma aula de história do Brasil que ninguém me deu na escola
January 3, 2019
Un tomo mica male, date le sue settecento pagine. Numero che peraltro è nulla in confronto a tutto quel che si potrebbe raccontare sulla storia immensa del Brasile.
La narrazione, con stile ironico e pungente, si sposta avanti e indietro lungo i secoli, costellata da un'infinità, letteralmente variopinta, di personaggi, a partire dal memorabile caboclo (indigeno) Capiroba, gustatore di carni olandesi, le più sopraffine!
Dapprima paese dal cuore verde incontaminato e poi teatro di dissennata colonizzazione di conquistadores europei, da terra di schiavitù nera, a campo di battaglia per l'indipendenza del recente popolo brasiliano, fusione, seppur spesso violenta, di sangue, etnie, culture e religioni.
Il Brasile è tutto questo. Anche al giorno d'oggi.
Bianchi, neri, indios, mulatti. Consuetudini ancestrali autoctone, antichi riti africani, santi cristiani, sono tutti parte ormai della storia del paese. Una nazione però ancora lacerata, dove la consapevolezza delle nuove generazioni di appartenere ad un unica grande terra non è tuttora pienamente accettata.
Tentare di insabbiare le proprie origini è un aspetto trattato con un'ironia provocatoria da Ribeiro: ecco allora l'assurdità di tenere una madre nascosta perché meticcia, o l'usanza di sputarsi sul pollice e l'indice, rigorosamente a digiuno!, massaggiandosi poi il naso, nella speranza di dargli una forma affusolata ed arginare così la crescita d'un naso grosso africano.
Al di là del romanzo, ricordiamo che anche con l'abolizione della schiavitù, la politica celata del "branqueamento", progressivo sbiancamento della pelle, per il quale vi rimando a questo link, non ha fatto altro che confermare quanto ancora si sia lontani da un sentire comune di rispetto per tutte le etnie e le identità culturali che qualsiasi brasiliano si porta nel proprio patrimonio genetico.
Lo spirito brioso del Carnevale, che colora ogni anno gli schermi delle tv internazionali, non dimentichiamoci che convive con ricorrenze alle quali si da ancora poca visibilità, come il 20 novembre, festa della Coscienza Negra, o il 19 aprile, Dia do Indio, giornata dell'Indio, celebrata anche in molti villaggi brasiliani.
C'è un bel passo nel romanzo in cui si narra della festa organizzata da neri e indigeni, dopo aver terminato i festeggiamenti imposti dai loro padroni nella giornata di Sant'Antonio. Per quelle poche ore notturne, uomini e donne, persone e non più schiavi di nessuno, danno il via alle proprie celebrazioni in un clima di esaltazione e irrefrenabile gioia.
Erano stregoni, questo sì, maghi della notte, illusionisti come nessun altro, gente versata nelle cose della pietra cristallina, del potere delle anime e delle divinità portate dall'Africa nelle peggiori condizioni e che a stento riusciva a sopravvivere lì, gente capace di distillare dalle piante della foresta i più terribili filtri velenosi e gli elisir d'amore più irresistibili, capace di cucire e di legare gli spiriti con ogni specie di sortilegio, capace di vedere il futuro in ogni sorta di presagio, di conoscere il lato magico di tutte le cose. E non tutti uguali, perché alcuni credevano più in una cosa, altri in un'altra.[...] Questo perché era normale che cercassero di credere in tutto il possibile, perché quello in cui avevano bisogno era che insorgessero tutti i mani e le forze segrete per vincere qualche battaglia, dato che vincere la guerra sembrava fuori dalla portata delle loro divinità, costrette a vivere nascoste e mascherate, sotto falsi nomi e negate in ogni momento, senza ricevere le devozioni loro dovute, senza niente, che li aiutasse a irrompere da quella capoeira una volta per tutte, a non restare prigioniere lì e a testa bassa, ma a diffondersi liberamente in mezzo al loro popolo.
La narrazione, con stile ironico e pungente, si sposta avanti e indietro lungo i secoli, costellata da un'infinità, letteralmente variopinta, di personaggi, a partire dal memorabile caboclo (indigeno) Capiroba, gustatore di carni olandesi, le più sopraffine!
Dapprima paese dal cuore verde incontaminato e poi teatro di dissennata colonizzazione di conquistadores europei, da terra di schiavitù nera, a campo di battaglia per l'indipendenza del recente popolo brasiliano, fusione, seppur spesso violenta, di sangue, etnie, culture e religioni.
Il Brasile è tutto questo. Anche al giorno d'oggi.
Bianchi, neri, indios, mulatti. Consuetudini ancestrali autoctone, antichi riti africani, santi cristiani, sono tutti parte ormai della storia del paese. Una nazione però ancora lacerata, dove la consapevolezza delle nuove generazioni di appartenere ad un unica grande terra non è tuttora pienamente accettata.
Tentare di insabbiare le proprie origini è un aspetto trattato con un'ironia provocatoria da Ribeiro: ecco allora l'assurdità di tenere una madre nascosta perché meticcia, o l'usanza di sputarsi sul pollice e l'indice, rigorosamente a digiuno!, massaggiandosi poi il naso, nella speranza di dargli una forma affusolata ed arginare così la crescita d'un naso grosso africano.
Al di là del romanzo, ricordiamo che anche con l'abolizione della schiavitù, la politica celata del "branqueamento", progressivo sbiancamento della pelle, per il quale vi rimando a questo link, non ha fatto altro che confermare quanto ancora si sia lontani da un sentire comune di rispetto per tutte le etnie e le identità culturali che qualsiasi brasiliano si porta nel proprio patrimonio genetico.
Lo spirito brioso del Carnevale, che colora ogni anno gli schermi delle tv internazionali, non dimentichiamoci che convive con ricorrenze alle quali si da ancora poca visibilità, come il 20 novembre, festa della Coscienza Negra, o il 19 aprile, Dia do Indio, giornata dell'Indio, celebrata anche in molti villaggi brasiliani.
C'è un bel passo nel romanzo in cui si narra della festa organizzata da neri e indigeni, dopo aver terminato i festeggiamenti imposti dai loro padroni nella giornata di Sant'Antonio. Per quelle poche ore notturne, uomini e donne, persone e non più schiavi di nessuno, danno il via alle proprie celebrazioni in un clima di esaltazione e irrefrenabile gioia.
Erano stregoni, questo sì, maghi della notte, illusionisti come nessun altro, gente versata nelle cose della pietra cristallina, del potere delle anime e delle divinità portate dall'Africa nelle peggiori condizioni e che a stento riusciva a sopravvivere lì, gente capace di distillare dalle piante della foresta i più terribili filtri velenosi e gli elisir d'amore più irresistibili, capace di cucire e di legare gli spiriti con ogni specie di sortilegio, capace di vedere il futuro in ogni sorta di presagio, di conoscere il lato magico di tutte le cose. E non tutti uguali, perché alcuni credevano più in una cosa, altri in un'altra.[...] Questo perché era normale che cercassero di credere in tutto il possibile, perché quello in cui avevano bisogno era che insorgessero tutti i mani e le forze segrete per vincere qualche battaglia, dato che vincere la guerra sembrava fuori dalla portata delle loro divinità, costrette a vivere nascoste e mascherate, sotto falsi nomi e negate in ogni momento, senza ricevere le devozioni loro dovute, senza niente, che li aiutasse a irrompere da quella capoeira una volta per tutte, a non restare prigioniere lì e a testa bassa, ma a diffondersi liberamente in mezzo al loro popolo.
July 6, 2011
Um dos livros da minha vida. Lido, relido, emprestado, não devolvido, roubado, re-comprado, dado. Uma anti-história Brasileira onde ninguém é herói e todos são importantes. Cada capítulo, cada página uma obra-prima. Um livro pra toda vida e pra muitas releituras.
September 20, 2012
I read the English translation of this book (I think it was called "An Invincible Memory") the summer before I went to University and it blew me away with its scope and sense of place. Think of it as "Love in the Time of Cholera" for Brazil.
July 30, 2015
NITROLEITURAS: Viva O Povo Brasileiro (1984) – João Ubaldo Ribeiro – 673 pgs | Viva João Ubaldo Ribeiro!
Um dos melhores livros que já li na vida, uma leitura obrigatória para quem gosta de literatura de altíssima qualidade, coisa de obra prima mesmo, prosa estonteante, emoções fortes, mensagem mais forte ainda. E principalmente, a melhor e mais impressionante síntese-exposição literária da história brasileira pelo ponto de vista dos oprimidos, dentro de uma voz narrativa crítica e satírica. Estonteante e vital, fantástico por todos os ângulos. Uma coisa de doido, esse livro do João Ubaldo Ribeiro, coisa de doido divinamente inspirado!
SINOPSE
Viva o povo brasileiro é um romance histórico escrito por João Ubaldo Ribeiro e publicado em 1984. Obra que confirmou definitivamente o lugar de João Ubaldo Ribeiro entre os maiores escritores de língua portuguesa, “Viva o povo brasileiro” foi lançado treze anos depois de “Sargento Getúlio”.
Consagrado pela crítica e pelos leitores e considerado um dos mais importantes romances da literatura nacional, o livro se volta às origens do Recôncavo Baiano para recriar quase quatro séculos da história do país por meio da saga de múltiplos personagens. Nele, realidade e ficção se misturam para criar um épico brasileiro com passagens heróicas e cômicas, tendo como pano de fundo momentos decisivos para a história do país, como a Revolta de Canudos e a Guerra do Paraguai.
Apesar de ser baseado em fatos reais da história brasileira, como a ocupação portuguesa, a vinda da família real, o Estado Novo e a Ditadura, é uma narrativa com personagens fictícios.
A obra retrata cerca de 400 anos de história do país (se inicia em 1647 e vai até 1977), e boa parte do texto se ambienta na Ilha de Itaparica, apesar de no decorrer da trama outros cenários como Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, sejam visitados.
RESENHA
Já se falou e já se escreveu muito sobre Viva o Povo Brasileiro, é uma das obras-primas da nossa literatura, e ponto. Só registrarei aqui as minhas impressões, meu encantamento com essa obra. É tanta coisa embutida nesse livro, material para teses e mais teses literárias que não vou me dar ao trabalho de escrever, eu nem tenho tanto tempo assim, escritor é dose, nunca tem tempo para nada, cada texto escrito que não seja o trabalho atual, o work-in-progress, pesa na consciência.
Mas, tem sempre um mas, eu registro aqui no Nitroblog porque já estou ficando velho e gosto de reler minhas impressões dos livros, filmes e quadrinhos que li, o que me faz recordar da experiência da leitura (e da “assistitura” no caso dos filmes) e sentir novamente as emoções evocadas pelo texto.
Porque literatura é isso, por mais que se use a literatura para passar ideias racionais, opiniões, raciocínios, conclusões, o que importa mesmo, para mim, é a experiência emocional. É o que a gente sente.
E Viva o Povo Brasileiro é um daqueles livros que mexe demais, principalmente para nós, brasileiros. Mexe fundo, vai direto na veia, arregaça a essência hipócrita da nossa sociedade, uma essência que resiste à mudança, ou que talvez mude a passos de tartarugas anciãs com reumatismo e bolas de ferro amarradas nas pernas, a gente tem que ter fé em alguma coisa, não é mesmo?
A escrita do livro é um troço medonho em termos literários, bem ao estilo baiano, é e não é um romance histórico, é e não é um romance satírico, se situando em algum lugar novo criado por João Ubaldo (e que encontro muita ressonância com o fabulofantástico O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta de Ariano Suassuna), entre o romance histórico romântico e o realista, uma mistureba de cenas com ecos românticos, um realismo brutal por todos os lados mesmo quando conta e mistura lendas com história, com magia, com espiritualidade, com orixás discutindo sua participação na Guerra do Paraguai, etc. Um sambão maravilhoso!
A prosa muito poética e muito polida, dá para sentir as reescritas, as alterações infindáveis até chegar ao ponto certo. O humor é de uma sensibilidade que só vendo, os momentos catárticos de descer o cacete literário nos poderosos de sempre da nossa terra que tinha palmeiras e onde cantava o sabiá antes de ser morto pela poluição, é muita coisa maravilhosa. Meu vocabulário em português deve ter crescido uns trinta ou quarenta por cento só de ler esse livro.
E o que os críticos metidos a besta não contam é que o Viva o Povo Brasileiro é bão dimais de ler, não dá para parar, muito épico, com momentos de ação, com mistérios mágicos, e um ritmo invejável, muitas histórias, histórias variadas, de momentos variados, alterando até mesmo suas estruturas para corresponder com o momento; a parte mitológica ganha estrutura de narração mitológica estilo os melhores clássicos gregos, o começo do livro é um primor, quase um quadro transformado em uma narrativa literária com explosões pós-modernas em tangentes, indo e vindo na história brasileira. Isso com momentos bem cinematográficos, escritos de maneira direta e visual, com cenas, diálogos bem feitos, etc. etc.
Ah, chega, se você curte literatura de qualidade, leia. E é isso que tenho a dizer!
RECOMENADO PARA QUEM:
Curte literatura brasileira
Quer conhecer como funcionam, por dentro das almas, as forças históricas, culturais e sociais que deixam o nosso país do jeito que é
Quer ver a história do Brasil pelo ponto de vista de quem leva porrada o tempo todo,
Curte ver a hipocrisia brasileira sendo destroçada literáriamente
Curte uma prosa bem feita
Quer expandir o vocabulário do português
Quer se emocionar e encantar com o nosso povo
Quer conhecer um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos.
NITROLEITURAS: Viva O Povo Brasileiro (1984) – João Ubaldo Ribeiro – 673 pgs | Viva João Ubaldo Ribeiro!
Período de Leitura: 20.07.2015 a 29.07.2015
Onde Comprar:
Amazon:
Viva o povo brasileiro por João Ubaldo Ribeiro Viva o povo brasileiro por João Ubaldo Ribeiro
Link: http://www.amazon.com.br/dp/B00A3DE6B8
PRÓXIMA LEITURA:
NITROLEITURAS: Os Portões do Inferno (2015) – André Gordirro – 377 pgs
Depois de Viva o Povo Brasileiro, decidi colocar romance de estréia do André Gordirro, um romance de fantasia medieval adulta, inspirado em uma campanha de RPG do autor. O livro me foi enviado para a resenha, li o começo e gostei do texto, e como só resenho os livros que realmente gostei, aguardem a resenha em breve. Se você quiser saber mais, clique nesse link para o press release feito no Jovem Nerd .
Acho fantástico essa ebulição na literatura de fantasia brasileira, precisamos de muitas obras, de obras de qualidade, escritas com paixão e esforço, com o desejo de fazer o melhor. O André Gordirro tem grande experiência com tradução, é escritor profissional, traduz livros para a Leya, já traduziu para a Objetiva, é jornalista, e dá para ver essa segurança na escrita.
Depois de Os Portões do Inferno, de parece que vai sair em Agosto desse ano (e já estou escutando, “ e o seu Marca da Caveira hein? Quandé que sai, caray? e digo “Ano que vem, começo, com certeza!”, vou engatar duas leituras de thrillers, que é um tipo de literatura que tem muito tempo que não leio, para divertir e para analisar suas estruturas e técnicas narrativas, é claro, sempre, sempre faço isso.
Os dois livros, que os fóruns de viciadaços de thrillers me recomendaram, é o clássico dos clássicos Shibumi , escrito pelo Trevanian (o cara é considerado um monstro sagrado do thriller), e Satori romance-prólogo do Shibumi (ou prequela, como dizem os lusitanos) escrito pelo Don Winslow, outro monstro da literatura de crime e thriller, que conheci por meio do Warren “Authority” Ellis, que é seu fã incondicional!
E vamos ler porque ler é doidimais!
Um dos melhores livros que já li na vida, uma leitura obrigatória para quem gosta de literatura de altíssima qualidade, coisa de obra prima mesmo, prosa estonteante, emoções fortes, mensagem mais forte ainda. E principalmente, a melhor e mais impressionante síntese-exposição literária da história brasileira pelo ponto de vista dos oprimidos, dentro de uma voz narrativa crítica e satírica. Estonteante e vital, fantástico por todos os ângulos. Uma coisa de doido, esse livro do João Ubaldo Ribeiro, coisa de doido divinamente inspirado!
SINOPSE
Viva o povo brasileiro é um romance histórico escrito por João Ubaldo Ribeiro e publicado em 1984. Obra que confirmou definitivamente o lugar de João Ubaldo Ribeiro entre os maiores escritores de língua portuguesa, “Viva o povo brasileiro” foi lançado treze anos depois de “Sargento Getúlio”.
Consagrado pela crítica e pelos leitores e considerado um dos mais importantes romances da literatura nacional, o livro se volta às origens do Recôncavo Baiano para recriar quase quatro séculos da história do país por meio da saga de múltiplos personagens. Nele, realidade e ficção se misturam para criar um épico brasileiro com passagens heróicas e cômicas, tendo como pano de fundo momentos decisivos para a história do país, como a Revolta de Canudos e a Guerra do Paraguai.
Apesar de ser baseado em fatos reais da história brasileira, como a ocupação portuguesa, a vinda da família real, o Estado Novo e a Ditadura, é uma narrativa com personagens fictícios.
A obra retrata cerca de 400 anos de história do país (se inicia em 1647 e vai até 1977), e boa parte do texto se ambienta na Ilha de Itaparica, apesar de no decorrer da trama outros cenários como Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, sejam visitados.
RESENHA
Já se falou e já se escreveu muito sobre Viva o Povo Brasileiro, é uma das obras-primas da nossa literatura, e ponto. Só registrarei aqui as minhas impressões, meu encantamento com essa obra. É tanta coisa embutida nesse livro, material para teses e mais teses literárias que não vou me dar ao trabalho de escrever, eu nem tenho tanto tempo assim, escritor é dose, nunca tem tempo para nada, cada texto escrito que não seja o trabalho atual, o work-in-progress, pesa na consciência.
Mas, tem sempre um mas, eu registro aqui no Nitroblog porque já estou ficando velho e gosto de reler minhas impressões dos livros, filmes e quadrinhos que li, o que me faz recordar da experiência da leitura (e da “assistitura” no caso dos filmes) e sentir novamente as emoções evocadas pelo texto.
Porque literatura é isso, por mais que se use a literatura para passar ideias racionais, opiniões, raciocínios, conclusões, o que importa mesmo, para mim, é a experiência emocional. É o que a gente sente.
E Viva o Povo Brasileiro é um daqueles livros que mexe demais, principalmente para nós, brasileiros. Mexe fundo, vai direto na veia, arregaça a essência hipócrita da nossa sociedade, uma essência que resiste à mudança, ou que talvez mude a passos de tartarugas anciãs com reumatismo e bolas de ferro amarradas nas pernas, a gente tem que ter fé em alguma coisa, não é mesmo?
A escrita do livro é um troço medonho em termos literários, bem ao estilo baiano, é e não é um romance histórico, é e não é um romance satírico, se situando em algum lugar novo criado por João Ubaldo (e que encontro muita ressonância com o fabulofantástico O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta de Ariano Suassuna), entre o romance histórico romântico e o realista, uma mistureba de cenas com ecos românticos, um realismo brutal por todos os lados mesmo quando conta e mistura lendas com história, com magia, com espiritualidade, com orixás discutindo sua participação na Guerra do Paraguai, etc. Um sambão maravilhoso!
A prosa muito poética e muito polida, dá para sentir as reescritas, as alterações infindáveis até chegar ao ponto certo. O humor é de uma sensibilidade que só vendo, os momentos catárticos de descer o cacete literário nos poderosos de sempre da nossa terra que tinha palmeiras e onde cantava o sabiá antes de ser morto pela poluição, é muita coisa maravilhosa. Meu vocabulário em português deve ter crescido uns trinta ou quarenta por cento só de ler esse livro.
E o que os críticos metidos a besta não contam é que o Viva o Povo Brasileiro é bão dimais de ler, não dá para parar, muito épico, com momentos de ação, com mistérios mágicos, e um ritmo invejável, muitas histórias, histórias variadas, de momentos variados, alterando até mesmo suas estruturas para corresponder com o momento; a parte mitológica ganha estrutura de narração mitológica estilo os melhores clássicos gregos, o começo do livro é um primor, quase um quadro transformado em uma narrativa literária com explosões pós-modernas em tangentes, indo e vindo na história brasileira. Isso com momentos bem cinematográficos, escritos de maneira direta e visual, com cenas, diálogos bem feitos, etc. etc.
Ah, chega, se você curte literatura de qualidade, leia. E é isso que tenho a dizer!
RECOMENADO PARA QUEM:
Curte literatura brasileira
Quer conhecer como funcionam, por dentro das almas, as forças históricas, culturais e sociais que deixam o nosso país do jeito que é
Quer ver a história do Brasil pelo ponto de vista de quem leva porrada o tempo todo,
Curte ver a hipocrisia brasileira sendo destroçada literáriamente
Curte uma prosa bem feita
Quer expandir o vocabulário do português
Quer se emocionar e encantar com o nosso povo
Quer conhecer um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos.
NITROLEITURAS: Viva O Povo Brasileiro (1984) – João Ubaldo Ribeiro – 673 pgs | Viva João Ubaldo Ribeiro!
Período de Leitura: 20.07.2015 a 29.07.2015
Onde Comprar:
Amazon:
Viva o povo brasileiro por João Ubaldo Ribeiro Viva o povo brasileiro por João Ubaldo Ribeiro
Link: http://www.amazon.com.br/dp/B00A3DE6B8
PRÓXIMA LEITURA:
NITROLEITURAS: Os Portões do Inferno (2015) – André Gordirro – 377 pgs
Depois de Viva o Povo Brasileiro, decidi colocar romance de estréia do André Gordirro, um romance de fantasia medieval adulta, inspirado em uma campanha de RPG do autor. O livro me foi enviado para a resenha, li o começo e gostei do texto, e como só resenho os livros que realmente gostei, aguardem a resenha em breve. Se você quiser saber mais, clique nesse link para o press release feito no Jovem Nerd .
Acho fantástico essa ebulição na literatura de fantasia brasileira, precisamos de muitas obras, de obras de qualidade, escritas com paixão e esforço, com o desejo de fazer o melhor. O André Gordirro tem grande experiência com tradução, é escritor profissional, traduz livros para a Leya, já traduziu para a Objetiva, é jornalista, e dá para ver essa segurança na escrita.
Depois de Os Portões do Inferno, de parece que vai sair em Agosto desse ano (e já estou escutando, “ e o seu Marca da Caveira hein? Quandé que sai, caray? e digo “Ano que vem, começo, com certeza!”, vou engatar duas leituras de thrillers, que é um tipo de literatura que tem muito tempo que não leio, para divertir e para analisar suas estruturas e técnicas narrativas, é claro, sempre, sempre faço isso.
Os dois livros, que os fóruns de viciadaços de thrillers me recomendaram, é o clássico dos clássicos Shibumi , escrito pelo Trevanian (o cara é considerado um monstro sagrado do thriller), e Satori romance-prólogo do Shibumi (ou prequela, como dizem os lusitanos) escrito pelo Don Winslow, outro monstro da literatura de crime e thriller, que conheci por meio do Warren “Authority” Ellis, que é seu fã incondicional!
E vamos ler porque ler é doidimais!
November 27, 2021
exceptionally sick multi generational brazilian novel with some great baroque writing, memorable characters and situations and a surprisingly maoist political orientation. highlights include the chapter about a cannibal and his family who develops a taste for dutchmen and the chapter where a bunch of african deities homerically intervene in the paraguayan war, among other things.
January 7, 2023
São 600 páginas de histórias que perpassam gerações no Brasil colonial e o nascimento da República. Estou apaixonada por Ubaldo Ribeiro. Terminar este livro provocou aquela mistura de vazio e preenchimento, me fez chorar um bocado. Fascinante viagem pelo imaginário coletivo do brasileiro, e interessante momento histórico, com a instalação do bolsonarismo no país, para mergulhar nessa leitura que, em definitiva, relata a fundação de uma sociedade com base na hipocrisia, no racismo, na violência e no moralismo barato, vigente, e muito, ainda hoje.
June 14, 2023
que. livro. maravilhoso. nem me atrevo a escrever sobre
July 8, 2025
um dos maiores e melhores livros da história desse país
600 e tantas páginas de história do brasil nua, crua e no pelo
livro engraçado, triste, feliz, bonito, e tudo que se pode ser
600 e tantas páginas de história do brasil nua, crua e no pelo
livro engraçado, triste, feliz, bonito, e tudo que se pode ser
January 11, 2025
Essa leitura me deixou exausto. Exausto como se de fato tivesse feito uma caminhada ao longo de 500 anos de história do país ao longo das mais de 600 páginas do livro de Ubaldo. Não à toa é um clássico da literatura brasileira. Uma história épica e atemporal. Por mais que os capítulos tenham dia, mês e ano, muitas vezes me via pensando em como a dinâmica social brasileira não mudou quase nada desde o início de sua história, algo inclusive dito ao longo do livro. As passagens sobre a elite econômica que sonha em ser europeia e vive de achar que o que vem de fora é melhor são atemporais, retratando no Brasil do século XIX um comportamento daqueles que dizem ser a favor do Brasil mas sonham em ser recolonizados. A escrita de Ubaldo chega a ser inacreditável. Ninguém domina a metáfora tão bem quanto João Ubaldo. Que escrita incrível! É inegável que é um livro muito importante e significativo para a historia e a literatura brasileiras. Minha experiência de leitura só não foi melhor por conta do início que, emulando a escrita e a fala da época narradas, mostra-se hoje cansativo e hermético. Tive que me fazer insistir para superar aqueles primeiros momentos e chegar às partes que me envolveram profundamente. Um livro para ficar com o leitor por um longo tempo, tanto durante a leitura quanto após finalizá-lo.
November 12, 2015
Lees blz. Datum
volgorde
1 27 1647-12-20
2 37 1647-12-26
3 73 1809-02-26
4 53 1821-06-10
5 5 1822-06-10
6 14 1822-11-08
7 20 1826-03-05
8 43 1827-06-09
9 78 1827-06-11
10 104 1827-06-12
11 115 1827-06-14
12 125 1827-06-15
13 63 1827-07-09
14 148 1827-07-29
15 127 1827-08-23
16 139 1827-08-24
17 155 1827-09-07
18 162 1827-09-09
19 169 1827-09-13
20 198 1836-02-28
21 181 1839-03-17
22 226 1840-12-19
23 251 1841-05-12
24 272 1842-06-23
25 213 1846-10-29
26 245 1846-10-30
27 283 1846-11-03
28 230 1853-03-10
28 256 1853-03-12
30 294 1863-05-25
31 303 1863-05-26
32 314 1863-05-28
33 323 1865-01-07
34 336 1866-03-11
35 330 1866-05-23
36 349 1866-05-24
37 362 1866-06-30
38 371 1869-11-30
39 376 1870-05-14
40 385 1871-06-13
41 404 1871-06-30
42 398 1871-07-07
43 414 1871-12-16
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45 408 1896-02-29
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35 330 1866-05-23
36 349 1866-05-24
37 362 1866-06-30
38 371 1869-11-30
39 376 1870-05-14
40 385 1871-06-13
41 404 1871-06-30
42 398 1871-07-07
43 414 1871-12-16
44 425 1889-11-14
45 408 1896-02-29
46 436 1897-03-01
47 451 1897-10-24
48 468 1898-01-23
49 520 1939-03-10
50 508 1972-05-25
51 487 1977-01-07
December 4, 2007
the history of brazil within a single book
connects the paths traced by the leading circles and the people with the evolution of politics and economics, hinting all the fakeness of the prejudice still in vogue in brazil.
the reader can notice that the story changes its scenario to the corresponding spot in which the elite has set up its 'home' just after it really happened on actual brazil's history. this can be observed since the author defines dates and places in the begining of each chapter, so you notice the principle in Bahia, till the ending in São Paulo.
connects the paths traced by the leading circles and the people with the evolution of politics and economics, hinting all the fakeness of the prejudice still in vogue in brazil.
the reader can notice that the story changes its scenario to the corresponding spot in which the elite has set up its 'home' just after it really happened on actual brazil's history. this can be observed since the author defines dates and places in the begining of each chapter, so you notice the principle in Bahia, till the ending in São Paulo.
July 2, 2010
A fantastic book covering 400 hundred years of the history of Brazil- from the arrival of the first Portugese to the more intimate lives of two families. A fantastic scope of characters and times. Wonderful
September 9, 2015
Em sua grande maioria, excepcional. Todo brasileiro deveria ler, mas todo baiano/soteropolitano está cometendo um crime se ainda não leu. Algumas partes são bem monótonas, mas valem à pena porque é realmente incrível.
August 8, 2017
"Realtà, fantasia e magia in una grande saga che racconta l'anima del Brasile". E una grande sorpresa, consigliatomi da amici brasiliani nel confronto coi classici brasiliani più noti. Se potessi suggerire agli amanti del genere, direi 'da non perdere'.
February 26, 2011
A very, very funny book. I used to laugh by myself in the subway reading it.
June 1, 2021
Viva o Povo Brasileiro! Viva João Ubaldo Ribeiro, um dos maiores brasileiros desse povo! Puta livro!!
August 10, 2021
Um dos livros essenciais para se entender a formação e identidade do povo brasileiro. A história é ficcional, mas poderia ser real, de tão precisa, contundente e complexa, no que se refere a escancarar o imenso abismo social que existe, desde sempre, entre a elite e o povo. O livro atravessa quatro séculos da vida social, política e econômica do país - de 1647 a 1977 - mostrando, de uma maneira satírica e romanceada, como essas camadas sociais foram se constituindo e se solidificando, até chegarmos no país que conhecemos hoje.
Apesar do tema por trás ser a constante desigualdade e violência sofrida pela camada não privilegiada da sociedade brasileira, o livro é uma delícia de se ler. A escrita de João Ubaldo é absolutamente envolvente, irônica, bem humorada, cheia de reentrâncias e surpresas. Ideal para quem quer conhecer um pouco mais sobre como se formou o que hoje chamamos de "povo brasileiro", ao mesmo tempo em que desfruta de uma obra genial, de um dos melhores autores desse país.
Apesar do tema por trás ser a constante desigualdade e violência sofrida pela camada não privilegiada da sociedade brasileira, o livro é uma delícia de se ler. A escrita de João Ubaldo é absolutamente envolvente, irônica, bem humorada, cheia de reentrâncias e surpresas. Ideal para quem quer conhecer um pouco mais sobre como se formou o que hoje chamamos de "povo brasileiro", ao mesmo tempo em que desfruta de uma obra genial, de um dos melhores autores desse país.
April 14, 2021
Co za fenomenalne doświadczenie.
Ribeiro niesamowicie nakreślił historię z perspektywy ludzi, którzy nie znaleźliby miejsca w standardowym podręczniku.
Dodatki magiczne i religijne tworzą w utworze niezapomniany klimat i aurę, osobliwe dla nas, a jednak pociągające.
Książka zawiera w sobie tonę humoru i dystansu do pisanego materiału.
Czasami można było odczuć monotonię opisów czy dialogów, ale nie stanowiło to wielkiego problemu.
Literacko jest to majstersztyk, ale myślę, że zdobyte nagrody lepiej to obrazują niż jakiekolwiek słowa, które mogłabym wymyślić, a pan Riberio zdążył wymyślić, napisać i stworzyć nimi spuściznę wartą o wiele wiecęj niż same słowa.
Ribeiro niesamowicie nakreślił historię z perspektywy ludzi, którzy nie znaleźliby miejsca w standardowym podręczniku.
Dodatki magiczne i religijne tworzą w utworze niezapomniany klimat i aurę, osobliwe dla nas, a jednak pociągające.
Książka zawiera w sobie tonę humoru i dystansu do pisanego materiału.
Czasami można było odczuć monotonię opisów czy dialogów, ale nie stanowiło to wielkiego problemu.
Literacko jest to majstersztyk, ale myślę, że zdobyte nagrody lepiej to obrazują niż jakiekolwiek słowa, które mogłabym wymyślić, a pan Riberio zdążył wymyślić, napisać i stworzyć nimi spuściznę wartą o wiele wiecęj niż same słowa.
October 3, 2021
Passando por distintos momentos, desde a chegada de invasores no território hoje conhecido por Brasil, mostrando o convívio com os povos originários e a exploração deles, dando sequência à escravidão de negros e negras da África, culminando na luta de herdeiros de senhores de engenho, esta obra retrata parte do país como ele é: fruto de soberba e poder concentrado em poucos.
Excelente leitura, mesmo que cansativa em certos momentos por seus longos parágrafos.
Viva o povo brasileiro.
Excelente leitura, mesmo que cansativa em certos momentos por seus longos parágrafos.
Viva o povo brasileiro.
March 18, 2021
Apuntarme a un club de lectura cinco anos despois de deixar o último no que estiven deume a escusa para volver á literatura en lingua portuguesa. Quedei moi contento de que fose cun libro escrito e ambientado na Bahia, que supura sotaque nordestino. A linguaxe é marabillosa, sen que sexa para min fácil discernir que parte de mérito lle corresponde ao autor e que parte á construción colectiva feita pola xente do Brasil.
A novela gustoume moito. Hai 20 anos, cando fun pasar dous meses ao Brasil, linme o ensaio "O povo brasileiro", de Darcy Ribeiro, que explica moi ben o peso que o pasado de esclavitude ten na configuración da actual sociedade brasileira. Creo que esta novela completa moi ben aquel outro libro. Hai aí un diálogo interesante.
Con todo, póñolle algúns peros á novela. Disfrutei moito na súa primeira metade. Creo que os diálogos, o estilo e os personaxes están máis logrados neste primeiro tramo do libro. Paréceme especialmente relevante no caso dos personaxes: Perilo Ambrósio, Amleto Ferreira e o Nego Leléu son, ao meu ver, os máis interesantes da novela. Cando os tres desaparecen, non hai ningún outro que brille á súa altura (quizais Stalin José, protaginista do penúltimo capítulo). O tratamento irónico e ata sarcástico da historia brasileira e do seu sistema social tamén se van apagando conforme avanza o libro. Ten fragmentos realmente divertidos e outros esclarecedores sobre os alicerces da actual sociedade do Brasil, pero co pasar dos capítulos son máis escasos e a trama menos interesante. Un último apuntamento na lista do "debe": o tratamento das personaxes femininas é claramente superficial. Dafé é crucial na novela, pero ao tratala como unha heroína (case unha semideusa) ten moitos menos ángulos que outros personaxes masculinos.
En resumo: estupenda introdución novelada á historia das relacións raciais no Brasil, ao que lle sobra extensión (e iso contradí a faixa promocional que sinala que "Livro que não fica em pé sozinho, não presta").
A novela gustoume moito. Hai 20 anos, cando fun pasar dous meses ao Brasil, linme o ensaio "O povo brasileiro", de Darcy Ribeiro, que explica moi ben o peso que o pasado de esclavitude ten na configuración da actual sociedade brasileira. Creo que esta novela completa moi ben aquel outro libro. Hai aí un diálogo interesante.
Con todo, póñolle algúns peros á novela. Disfrutei moito na súa primeira metade. Creo que os diálogos, o estilo e os personaxes están máis logrados neste primeiro tramo do libro. Paréceme especialmente relevante no caso dos personaxes: Perilo Ambrósio, Amleto Ferreira e o Nego Leléu son, ao meu ver, os máis interesantes da novela. Cando os tres desaparecen, non hai ningún outro que brille á súa altura (quizais Stalin José, protaginista do penúltimo capítulo). O tratamento irónico e ata sarcástico da historia brasileira e do seu sistema social tamén se van apagando conforme avanza o libro. Ten fragmentos realmente divertidos e outros esclarecedores sobre os alicerces da actual sociedade do Brasil, pero co pasar dos capítulos son máis escasos e a trama menos interesante. Un último apuntamento na lista do "debe": o tratamento das personaxes femininas é claramente superficial. Dafé é crucial na novela, pero ao tratala como unha heroína (case unha semideusa) ten moitos menos ángulos que outros personaxes masculinos.
En resumo: estupenda introdución novelada á historia das relacións raciais no Brasil, ao que lle sobra extensión (e iso contradí a faixa promocional que sinala que "Livro que não fica em pé sozinho, não presta").
July 31, 2019
eu queria ter palavras para definir esse livro, mas parece que João Ubaldo já usou todas. E as usou de uma forma tão linda, tão brasileira, tão precisa, que parece que a história do nosso povo cabe nessas páginas. Mas não cabe. E ele sabia, como ninguém, disso.
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