Jump to ratings and reviews
Rate this book

Null: Prähistorischer Roman

Rate this book
Against a backdrop of political corruption Jose lives an ordinary life, working a dead-end job catching mice in a dingy movie theater. Everything changes when he meets his wife Rosa thanks to the help of the Happy Heart Marriage Agency. They seem to have an understanding: Jose isn't bothered by Rosa's dishonesty, extra weight, and fantastically promiscuous past; Rosa isn't too put off by Jose's clubbed foot, periodic blackouts, or lack of direction--she just wants a house. Pragmatic, Jose sets out to get the money necessary to make that possible. And in doing so, he manages to become a robber, sniper, and political subversive wanted by the government. Deploying fast-paced, short chapters in a number of styles, Brandao deftly presents an array of engaging characters and conflicts, vividly depicting the absurdity of a repressive political regime with exceptional daring and humor.

390 pages, Paperback

First published January 1, 1974

8 people are currently reading
966 people want to read

About the author

Ignácio de Loyola Brandão

108 books83 followers
Ignacio de Loyola Brandao (born 1936 in Araraquara in São Paulo) began his career writing film reviews and went on to work for one of the principal newspapers in São Paulo. Initially banned in Brazil, his novel Zero went on to win the prestigious Brasilia Prize and become a controversial bestseller. Brandão is the author of more than a half-dozen works of fiction, including Zero, Teeth Under the Sun, and Angel of Death, all of which are available or forthcoming from Dalkey Archive. In his career he has won the Prêmio Jabuti, the most important literary prize in Brazil.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
88 (35%)
4 stars
75 (30%)
3 stars
57 (22%)
2 stars
21 (8%)
1 star
8 (3%)
Displaying 1 - 29 of 29 reviews
Profile Image for Jonfaith.
2,115 reviews1,721 followers
February 18, 2014
If it's not cruel, if it doesn't make us suffer, if it doesn't crush what good a man has inside him, then it's not a regime to take seriously.

Zero is an often atonal riff on political oppression, not only in Brasil but globally in the late 1960s. Surely that Brazil is long gone now, the World Cup is around the corner and the Olympics just after. No doubt the world is at least 21.2 percent happier now. The admixture of violence and piety sounds familiar to 2014. Brandão distills Dos Passos and Doblin in creating a dire world of poverty, mindless consumption and a ruthless regime which imprisons and tortures for a higher calling. Damn.
Profile Image for Adam.
558 reviews426 followers
April 23, 2014
Zero is a wild, profane, irreverent, surreal novel written in Brazil’s years of lead during a repressive military dictatorship. The author uses collages, random illustrations, textual experiments, cinematic technique, faux documentary and textbook appropriations, advertisements, hilarious footnotes in a exuberant style that resembles Dos Passos , the over the top dark humor of Vonnegut or Pynchon, torture sequences worthy of de Sade’s 120 Days of Sodom, Michael Moorcock’s Jerry Cornelius adventures, and foreshadows Junot Diaz, while creating a funny vibrant, and very black humored indictment of his time period that still feels fresh.
Profile Image for Wibsson.
37 reviews3 followers
Read
September 1, 2020
O romance é construído a partir de uma montagem insana de capítulos minúsculos que se parecem com trechos de fait divers, notícias de jornal e fragmentos de algum romance ou novela incompleta, para não falar dos momentos em que onomatopéias e diálogos que parecem saídos de histórias em quadrinhos ou roteiros de romance ocupam as páginas, além de desenhos, pedaços que parecem panfletos ou papéis colhidos nas ruas, escritos em muros ou paredes de banheiros públicos, desenhos primários e toda uma variedade de escrita chula, vulgar, pouco desenvolvida, urbana, uma linguagem que às vezes pertence mais ao mundo televisivo do que ao mundo da alta literatura ou da literatura de nicho.

Os personagens são tão genéricos que definem e vagam no livro como arquétipos de miseráveis urbanos, membros das classes baixas. Rosa, José, Átila, Gê, todas elas figuras que parecem feitas do mesmo material que personagens de desenho animado, com corpos plásticos, dispostos a tudo sofrer e mesmo assim se reestabelecer na página seguinte.

Definições como realismo mágico ou fantástico não cabem muito bem aqui, embora realismo também não seja uma definição apropriada. A linguagem do cinema e do desenho animado, como já dissemos, infesta as páginas, situações absurdas acontecem, não há nenhuma expectativa de verossimilhança, e ainda assim a crueza das ruas de uma metrópole latino-americana parece fielmente transposta para o papel. Há um exoticismo desconfortável em alguns momentos, uma estereotipação das classes baixas, especialmente nos trechos em que Rosa vai para um terreiro de Camdomblé; há no geral um desprezo pelo pobre brasileiro que indica a existência de um autor em revolta. Ao mesmo tempo, o romance parece ter também um valor de investigação social, como se o romancista quisesse construir uma visão atualizada do que se tornou no Brasil da Ditadura Militar a classe operária, outrora o sujeiro revolucionário da História, que aqui parece totalmente aniquilado pela propaganda e pela publicidade.

José, o protagonista, arma um elo entre a subversão armada, os terroristas ligados ao grupo dos Comuns, e ao mesmo tempo a figura do marginal, ladrão, bandido, que nessa época já ocupava o imaginário da esquerda artística brasileira. A figura do terrorista é capaz então de preencher o espaço que vai desse ladrão de rua até esse outro possível herói da luta armada. Todos eles entram na definição dada pelo próprio governo.

Não quero dar a entender que Zero não é um romance valioso, mas é difícil resistir à apropriação inicial dele como um documento de época. É preciso no entanto ver o romance como mais do que isso. Lê-lo hoje nos parece com assistir um filme de Godard ou de algum outro membro da Nouvelle Vague dos anos 1960, interessado demais em capturar o presente, filmar o instante, o agora, a vida francesa no pós-guerra. O que Ignácio Loyola de Brandão nos fornece é algo parecido na linguagem do romance de ficção, uma tentativa de identificação de linhas de força e elementos presentes na realidade brasileira da segunda metade do século XX a partir do exagero, do cômico, do escatológico. A linguagem corroída e sem muitos rebuscamentos aponta para um mundo de miséria, de analfabetismo funcional, sem abertura para pensamentos muito abstratos ou complexos.

O processo composicional do livro e a sua publicação são uma história à parte, burlando a censura e as restrições editoriais brasileiras. O romance foi montado durante nove anos pelo autor, que colhia matérias censuradas de jornais em que trabalhara. Um romance realmente monstruoso, uma literatura que nasce de documentos achados na latrina do tempo.
Profile Image for Arthur Dal Ponte Santana.
111 reviews14 followers
July 20, 2020
"90 dias e ninguém ainda provou que o faquir come"

Decidi fazer uma review decente desse livro, já que fiz de tudo pra escrachar o autor na reviews dos outros livros dele, os quais acabei por odiar. O "Zero" foi um livro importante pra mim e acho justo tentar explicar porque.

Esse livro é um jornal, ou pelo menos simula um jornal, escrito na ditadura. Um romance com uma das estruturas mais entrecortadas e picotas que existem. Um aglomerado de múltiplas narrativas que muitas vezes não se conectam, mas ajudam a pintar, em uma espécie de realismo fantástico, uma imagem do Brasil nos tempos da ditadura militar.

É quase que um trabalho de gênio. Como se fosse transmitido pelos deuses por meio de Ignácio de Loyola, para que ele entregasse essa imagem viva, frenética e assustadora de um dos períodos mais sombrios da história do país como uma dádiva, uma teologia revelada de um apocalipse que se vê cada vez mais próximo. Acho que é sorte, nossa ao menos, de ter alguém que foi posto em circunstâncias tão específicas para que pudesse produzir algo desse tipo. Loyola trabalhou em jornal durante o regime, guardava as notícias censuradas para usar no livro (informações que recebi de fontes seguras). Montava tudo com rascunhos em folhas sulfites, decidia onde pôr cada pecinha de texto e imagem, como se imitasse o que fazia ou via fazerem no seu trabalho. No final, conseguiu imitar ao ponto de ser quase profético, de escrever notícias que poderiam ter sido escritas hoje.

A forma de "Zero" brilha, é isso que tem de mais especial. Por entre a narrativa de José e Rosa, protagonistas de um romance peculiar, mas ainda assim muito comum, surgem flashes e passagens que nos pintam o plano de fundo daquela história, que pintam o próprio tempo onde ela foi escrita. E é essa frenesi de informações, de múltiplas imagens, que tornam o romance tão característico e tão mais interessante que seu sucessor espiritual "Não Verás País Nenhum". Enquanto o último tenta ser um "1984" brasileiro, usando de uma narrativa distópica tradicional e de um narrador que explica tudo, "Zero" é o que é porque não se explica, mas porque mostra, e mostra muito bem.

"Zero" dá ao seu conteúdo tudo que ele pede de forma, dá a nós a esquizofrenia capitalista quase no limite de seu desgaste. Nos dá a melancolia, nos dá a bagunça, nos dá o ápice da loucura, o ápice do desespero. Nos dá a monotonia do desemprego, que atinge todos, nos dá a imagem de um abandono, que é universal (ao menos na América Latíndia), nos dá a claustrofobia da ditadura. "Zero" nos dá, acima de tudo, o real na sua mais arrebatadora crueza.
Profile Image for Hesper.
407 reviews55 followers
March 23, 2017
AN ANALOGY

You know how you go to a concert, engage in substance* use and some two or three hours into the show, when you're probably delirious from dehydration and those substances, the song to end all songs happens and all you can do is a lighter salute?

Well, lighter salute, Zero! Lighter salute!

ANOTHER ATTEMPT AT A REVIEW

This is the weirdest, most intense dystopian novel. Ever. If I were a crazy yet vaguely benevolent-looking dictator** I'd totally ban this book. And do horrible things to people who mentioned it.

CONCLUSION

Not for Victorian maiden aunts. There's crazy sex that goes on for pages, even more pages on torture, bucket-loads of scat references, token human sacrifice and so many stylistic shenanigans*** you'll either want to put your own eyes out or go fisticuffs with the author.

It is one intense, surreal and unforgiving ride, but well worth reading by anyone with a thing for dystopia.

*Alcohol is a substance. Whaddaya think I meant?
** Wikipedia time!
***If the style of this review annoys you, then you'll probably opt for fisticuffs. Or eye gouging. Maybe both.
Profile Image for Julio Pino.
1,505 reviews100 followers
February 24, 2022
Think of the filthiest porn book you've ever read. Think of any novel you read while engaging in substance abuse. Think of John Dos Passos' USA trilogy if the author had dropped tons of acid before taking to the typewriter. All of these descriptions are true yet none begin to describe the comical nightmare world of ZERO: family, government, sex, politics, employment---nothing emerges sacred nor even intact after Brandao is through with them. ZERO has no plot or organization; only vignettes, headlines, and footnotes referencing a world gone mad.
PS: I once assigned this novel to my students at UCLA and inadvertently started the practice of youngsters giving phone jobs to each other by reciting passages from ZERO over the telephone.
Profile Image for David Wagner.
Author 6 books7 followers
October 23, 2014
A great piece of political and psychological surrealism.
Profile Image for Nathaniel.
113 reviews81 followers
September 6, 2007
After grunting through over three hundred pages of Brandao's prose, I still skimmed the final pages. It is immediately apparent when Brandao thinks that he is on a role: he loses any sort of content filter (did he even have an editor?), balloons his paragraphs and rants, lists, shouts, spews nonsense and seems to feel proud of the result. He wants to be a more politicized and tragic Latin American James Joyce; but he ends up being more like a foul-mouthed, sensational and disorganized Alfred Doblin (of "Berlin Alexanderplatz" notoriety).

I would not have finished this book if I hadn't accidentally started two long train rains without other reading material--and if there hadn't been so much sex, violence and repression. In between steam-rolling sections of mediocre, under-planned, contradictory and unrewarding narrative, there are all sorts of choke-start interruptive paragraphs under recurring headlines like "Free Association" or "Affective Memory." There aren't any dimensional characters in the book and none of the people are really capable of absorbing or relating to their environment: increasingly repulsive and repressive urban Brazil. In fact, Jose, the closest thing to a protagonist, is a bit like Sean of the Dead (without humor or an actual relationship). He is a purposeless slob immersed in sickening violence.

Why does Brandao think it is okay to write, "Don't know why, but it's true, my heart beats when i see you, parala-la, parala-lay, tooky teeky tooky tootooky, gorogogo gorogoga, elephant stampedes a great many people, two elephants stampede a great many more, oooooo bah tatatatatatatata, oh juicy, juicy festival of striptease."?

And why are there dozens of sadistic, pages floundering around in material of this variety, "Whap, whap. Plaft, pleft, shit, he's hit in the mouth, all his teeth are knocked out, his nails pulled out one by one, he's been burned, they've drilled a hole in one eye, thrown acid in the other, stuffed a rat in his mouth, razor slashes and briny water, wires stuck in his asshole, shocks tear him all apart, smash his fingers, his cock, jab him in the stomach, make him eat shit . . . "?

Seriously, who is the author trying to punish with that sort of prose? Both of these excerpts are representative. Neither of them is part of a key plot moment or even about a recognizable moment in the narrative of any main character. They are just outbursts. The most charitable interpretation that I can offer is that Brandao hated almost everyone in Brazil (whether perpetrators of repression or complacent accomplices) and he wanted his book to be a venom-spitting affront to everything that they held sacred or thought pleasant.

I'm sure it was a groundbreaking book for it's time and location. I'm sure it posed a sort of challenge to a now defunct establishment and it might be rewarding to read it within the context of Brazilian history and literature. But in order to stand on its own as a book for the casual reader sixty years later and thousands of miles away, it needs more craft, cleaner narrative, less repetition and more imagination. I have no idea why E. L. Doctorow thinks it is so fantastic.
Profile Image for Ace.
478 reviews12 followers
June 19, 2015
In a long series of short, oddly-formatted chapter, Ignácio de Loyola Brandão creates a political statement on the not only the state of Brasil in the 1960's, but also much of South America. Full of intensely-detailed sex and torture, this novel is not for the faint of heart - but the truth in it is hard to ignore. Brandão pulls no punches and he shows the situation as it is. This is definitely a novel that readers can find new details and information in every time they read it, assuming, of course, that they can get through all that torture, violence, and repression multiple times.

The odd formatting of this novel makes it both intriguing and difficult to read. It's not something to be read under any sort of time constraint. It features lists, boxes, random letters, tons of headings and subheadings, and advertisements. The dark humor will draw a laugh - if readers notice it. Despite this, Zero's political statement is powerful and hard to ignore.
30 reviews58 followers
September 24, 2010
At a certain point when fragmentation plays its tricks on you and you think all has spun off into absurdity--this book is in fact absurd; irredeemably, essentially absurd--you hit the last fifty pages and, as in Bolano's By Night in Chile, everything is laid bare...in horrific detail.
19 reviews
January 14, 2010
This book was absolutely horrific! An intense journey into the world of Latin American Dictatorship and torture. A must read for the deeply paranoid.
Profile Image for Wibsson Ribeiro.
32 reviews1 follower
Read
May 20, 2021
O romance é construído a partir de uma montagem insana de capítulos minúsculos que se parecem com trechos de fait divers, notícias de jornal e fragmentos de algum romance ou novela incompleta, para não falar dos momentos em que onomatopéias e diálogos que parecem saídos de histórias em quadrinhos ou roteiros de romance ocupam as páginas, além de desenhos, pedaços que parecem panfletos ou papéis colhidos nas ruas, escritos em muros ou paredes de banheiros públicos, desenhos primários e toda uma variedade de escrita chula, vulgar, pouco desenvolvida, urbana, uma linguagem que às vezes pertence mais ao mundo televisivo do que ao mundo da alta literatura ou da literatura de nicho.

Os personagens são tão genéricos que definem e vagam no livro como arquétipos de miseráveis urbanos, membros das classes baixas. Rosa, José, Átila, Gê, todas elas figuras que parecem feitas do mesmo material que personagens de desenho animado, com corpos plásticos, dispostos a tudo sofrer e mesmo assim se reestabelecer na página seguinte.

Definições como realismo mágico ou fantástico não cabem muito bem aqui, embora realismo também não seja uma definição apropriada. A linguagem do cinema e do desenho animado, como já dissemos, infesta as páginas, situações absurdas acontecem, não há nenhuma expectativa de verossimilhança, e ainda assim a crueza das ruas de uma metrópole latino-americana parece fielmente transposta para o papel. Há um exoticismo desconfortável em alguns momentos, uma estereotipação das classes baixas, especialmente nos trechos em que Rosa vai para um terreiro de Camdomblé; há no geral um desprezo pelo pobre brasileiro que indica a existência de um autor em revolta. Ao mesmo tempo, o romance parece ter também um valor de investigação social, como se o romancista quisesse construir uma visão atualizada do que se tornou no Brasil da Ditadura Militar a classe operária, outrora o sujeiro revolucionário da História, que aqui parece totalmente aniquilado pela propaganda e pela publicidade.

José, o protagonista, arma um elo entre a subversão armada, os terroristas ligados ao grupo dos Comuns, e ao mesmo tempo a figura do marginal, ladrão, bandido, que nessa época já ocupava o imaginário da esquerda artística brasileira. A figura do terrorista é capaz então de preencher o espaço que vai desse ladrão de rua até esse outro possível herói da luta armada. Todos eles entram na definição dada pelo próprio governo.

Não quero dar a entender que Zero não é um romance valioso, mas é difícil resistir à apropriação inicial dele como um documento de época. É preciso no entanto ver o romance como mais do que isso. Lê-lo hoje nos parece com assistir um filme de Godard ou de algum outro membro da Nouvelle Vague dos anos 1960, interessado demais em capturar o presente, filmar o instante, o agora, a vida francesa no pós-guerra. O que Ignácio Loyola de Brandão nos fornece é algo parecido na linguagem do romance de ficção, uma tentativa de identificação de linhas de força e elementos presentes na realidade brasileira da segunda metade do século XX a partir do exagero, do cômico, do escatológico. A linguagem corroída e sem muitos rebuscamentos aponta para um mundo de miséria, de analfabetismo funcional, sem abertura para pensamentos muito abstratos ou complexos.

O processo composicional do livro e a sua publicação são uma história à parte, burlando a censura e as restrições editoriais brasileiras. O romance foi montado durante nove anos pelo autor, que colhia matérias censuradas de jornais em que trabalhara. Um romance realmente monstruoso, uma literatura que nasce de documentos achados na latrina do tempo.
Profile Image for Marcos Henrique Amaral.
125 reviews10 followers
October 31, 2020
ZERO é uma distopia assustadoramente real que alude ao período da ditadura militar, quando foi lançado, mas que poderia facilmente fazer referência ao caminho que hoje percorremos. A escrita fragmentária de traços concretistas cumpre o papel metafórico de construir um cenário violento e caótico, diante do qual tanto o leitor quanto as personagens se sentem perdidos. De fato, na maior parte do romance, somos colocados diante de um “enjambement” ininteligível de recortes de jornais, de onomatopeias e de aforismos que parecem fora de lugar — o que certamente é um empecilho para que nos engajemos efetivamente na leitura. Mas esse cenário de estilhaço político e moral possibilita que compreendamos a anedonia e o niilismo aos quais se abandonam personagens como José, o matador de ratos no cinema poeira que, de alguma maneira, é o fio condutor que conecta e dá sentido aos sintagmas interrompidos que compõem o caos.

O caos e os sentimentos que despontam dessa condição se tornam a lacuna perfeita para que o governo autoritário, à maneira do leviatã hobbesiano, ganhe escopo sob o pretexto da instauração da ordem. Ou seja, como comensais da desgraça popular e do niilismo que inclina os indivíduos à cooptação ideológica face ao regime ditatorial, os governantes sorrateiramente impõem sua moral farisaica a partir de decálogos editados de tempos em tempos, sem que a maioria ofereça grande resistência:

— Ninguém poderá, em público, pegar na mão das mulheres, sejam namoradas, noivas ou esposas. Beijos, abraços e demais manifestações serão punidas com cadeia.

— Usar biquíni gera multa e prisão, pois atrai a lascívia e a concupiscência.

— A participação em desfiles cívicos de dia da pátria, dia da bandeira, dia do aniversário do presidente... é obrigatória.

— Toda mulher que praticar aborto será condenada à prisão perpétua. Médicos abortantes serão fuzilados.

Junte-se a isso o fechamento do Congresso Nacional, o controle da imprensa, as intermináveis sessões de tortura, a queima de livros ao som de hinos religiosos, o macarthismo e a consequente perseguição à oposição política, o moralismo cego de um nacionalismo chucro: “Quando a ciência subverte o homem e corrompe, é melhor ter um país sem ciência, atrasado”. Como salienta seu autor, Ignacio de Loyola Brandão, nada escrito em ZERO é ficção. É tudo real. Assustadoramente real.
Profile Image for Henrique Fendrich.
975 reviews19 followers
January 12, 2024
Evidentemente, eu não nego a importância do livro e, na verdade, sequer a sua qualidade. O que eu tive foi muita, muita dificuldade mesmo para lidar com as experimentações do livro e apreender o seu sentido. Foi difícil para mim, mas talvez não seja para os outros. A avaliação é feita com base na minha experiência pessoal, não sendo, portanto, juízo absoluto.
Profile Image for Olivia.
21 reviews
Read
February 15, 2021
read for Spanish class- Latin American dictatorship novels
Profile Image for Heloisa Gama.
31 reviews2 followers
November 10, 2021
A leitura foi truncada e não funcionou pra mim. Achei que se propôs a ser muito mais do que realmente conseguiu ser.
Profile Image for Ana.
Author 2 books20 followers
August 25, 2025
Eu sei que é estilo, mas as vírgulas mal colocadas deram-me uma ansiedade imensa.
Profile Image for Erik Wirfs-Brock.
339 reviews10 followers
December 20, 2008
An angry, angry, sometimes funny, but mostly angry tale/satire of living under a repressive dictatorship. The story, such as it is, follows Jose through his unfulfilling if bizarre life, and his eventual descent into a sort of nihilistic rebellion against the state, The novel is kind of exuberantly experimental, mixing in drawings, satirical asides, repetition, paragraphs that consist almost entirely on onomatopoeias, and a hint of mysticism. Despite the fact that I generally love this type of thing I thought this was only okay, mainly because the novel wasn't exactly subtle in its emotions, and at times it became of bit monotonous.
4 reviews1 follower
March 17, 2011
Confusing at some points, gripping at others. I did not thoroughly enjoy Zero, due to its absurdity and vulgar prose. Although, I did appreciate the authors attempt to make a political statement, I feel as if the writing style distracted from it. The indirect plot line almost reminded me of Chuck Palahniuk. I'm proud of myself for getting through it, but I would never suggest it or read it again.
Profile Image for Iris.
497 reviews1 follower
November 12, 2008
This book was all over the place and most of the time I didn't enjoy reading it. There were certainly moments of humor, and parts that I liked but overall I felt confused!
18 reviews2 followers
December 8, 2008
Good book, but it is very disturbing. Lots of sex, lots of violence, lots of confusion. I don't know if I'd be up for reading this one again.
Profile Image for Otávio Augusto.
89 reviews1 follower
December 8, 2014
It is a book for those who wish to widen their mindscape. Might not be fully understood, but the pictures it creates!

So real, even nowadays!!!
10 reviews
September 27, 2015
Reading this book is unpleasant. Living under a dictatorship is probably unpleasant. Perhaps, in this way, the author achieves his goal.
Profile Image for Pete Camp.
250 reviews8 followers
December 28, 2022
Bizarre, wild , surreal, violent tale of a man living in a " fictional" country ( Spoiler: Brazil) under a repressive political regime
Displaying 1 - 29 of 29 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.