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Aparição

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Aparição é um romance de Vergílio Ferreira que discute teorias filosóficas relacionadas com o existencialismo, escrito em primeira pessoa.

Do livro:
"Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro. Uma lua quente de Verão entra pela varanda, ilumina uma jarra de flores sobre a mesa. Olho essa jarra, essas flores, e escuto o índicio de um rumor de vida, o sinal obscuro de uma memória de origens. (...)"

273 pages, Paperback

First published January 1, 1959

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About the author

Vergílio Ferreira

64 books301 followers
VERGÍLIO FERREIRA nasceu em Gouveia, a 28 de Janeiro de 1916. Seminarista no Fundão, licenciou-se depois em Filologia Clássica na Universidade de Coimbra e foi prof. liceal em Faro, Bragança, Évora e Lisboa (desde 1959). Ficcionista e pensador, estreou-se com o romance O Caminho Fica Longe (1943) e o ensaio Sobre o Humanismo de Eça de Queirós (1943). Escritor dos mais representativos das letras portuguesas da segunda metade do séc. XX, a sua vivência fechou-se no labirinto do existencialismo sartreano. Entre as suas obras destacam-se: Manhã Submersa (1954), adaptado ao cinema por Lauro António e vencedor do Prémio Femina para o melhor livro traduzido em França em 1990, Aparição (1959, Prémio Camilo Castelo Branco), Cântico Final (1960), Alegria Breve (1965, Prémio da Casa da Imprensa), Nítido Nulo (1971), Rápida a Sombra (1974), Signo Sinal (1979), Para Sempre (1983, Prémio Literário Município de Lisboa), Espaço do Invisível (1965-87), em quatro vols., Até ao Fim (1987, Grande Prémio de Novela e Romance da APE), Em Nome da Terra (1990), Na Tua Face (1993, Grande Prémio de Novela e Romance da APE). De assinalar são também o diário publicado a partir de 1981 (Conta Corrente) e o vol. de ensaios Arte Tempo (1988). Em 1991 ganha o Prémio Europália, pelo conjunto da sua obra, e em 1992 é-lhe atribuído o Prémio Camões. Foi condecorado pela Presidência da República com o Grande-Oficialato da Ordem de Sant’Iago da Espada, em 1979 e, em 1985, foi nomeado para o Prémio Nobel da Literatura. Faleceu em Lisboa, a 1 de Março de 1996.

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Displaying 1 - 30 of 228 reviews
Profile Image for Dário Moreira.
73 reviews16 followers
September 6, 2018
Mais ninguém escreve assim.

"eu queria soluções para toda a idade da vida, eu queria uma certeza assumida, assimilada, para a ameaça da morte. Eu queria que a desgraça da nossa condição nos não trouxesse surpresas... E era isso exactamente que eu sonhava para todos os homens."
Profile Image for Luís.
2,337 reviews1,274 followers
March 30, 2024
In Aparição (1959), the author assumes an existentialist perspective, drunk on Dostoievski, Sartre, or Malraux. Vergílio Ferreira said that Eça de Queirós taught him to write, and the author of A Human Condition taught him to think—but also in philosophers like Karl Jaspers or Martin Heidegger.
Profile Image for Ana.
Author 14 books216 followers
October 9, 2021
Que obra impressionante! Gostei mesmo muito, apesar de terem ocorrido alguns momentos penosos de leitura (ou talvez por isso mesmo também).

O livro conta-nos em retrospectiva, um periodo da vida de Alberto, nosso narrador e protagonista. Alberto é um homem que se debate com vários conflitos de natureza existencialista, potenciados a angústia pela morte do pai. A iniciar a sua actividade como professor num liceu em Évora, vamos assistir a como este homem com o peso das suas interrogações, vai impactar nas pessoas que cruzam o seu caminho.

É uma história pesada, densa e trágica, com personagens igualmente intrincadas, musculadas e complexas. A meu ver só peca pela visão que achei por vezes demasiado egocentrada no nosso protagonista. Enquanto leitora, gostaria de ter tido a oportunidade de sair mais vezes do fluxo de consciência de Alberto para entrar no de outras personagens (sem ser através dele). Não deixamos no entanto de ter um íntimo acesso aos outros personagens, apesar de termos de dar o necessário desconto pelo natural enviesamento ou "contaminação" do olhar de Alberto.

Somos levados pelo protagonista numa incursão de indagação à sua mente, ao que há de mais íntimo em si, nesta sua demanda por respostas, no seu embate particular com a própria finitude e animalidade. Tudo isso (e mais ainda) exemplarmente intrincado num enredo/personagens/cenário que servem na perfeição esta jornada.

Um texto notável, na minha opinião. Muito bom.
Profile Image for Isabel.
95 reviews23 followers
December 27, 2015
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- Capela dos Ossos, Évora

"A vida real não eram as leis dos outros e a sua sanção e o seu teimoso estabelecimento de uma comunidade para o furor de uma plenitude solitária. O absoluto da vida, a resposta fechada para o seu fechado desafio só podia revelar-se e executar-se na união total com nós mesmos, com as forças derradeiras que nos trazem de pé e são nós e exigem realizar-se até ao esgotamento."


Eu estava numa espécie de crise (em que geralmente me encontro). Não me apetecia ler nada. Não tinha tempo para ler nada. Uma enorme apatia, que porventura se reconduz ao facto de o Natal ser uma época do ano difícil para mim. Nunca senti grande gosto pelo Natal. Nem quando era criança e recebia presentes. Por isso, o que fiz foi, na semana passada, assim sem pensar muito nisso, ir à biblioteca municipal buscar um livro. Entrei. Não pensei sequer no que ia buscar. Vi as dezenas de jovens que lá se encontravam a estudar, lembrei-me do meu passado muito recente, das férias de Natal que também passei a estudar. Lembrei-me daquele desespero dos exames com quase alegria por já não estar sentada naquelas cadeiras. Dirigi-me à secção de literatura portuguesa. Procurei a Aparição do Vergílio Ferreira. Passei os olhos pelas estantes. Não me apetecia ler a tensão do Lobo Antunes, a falta de nexo; não me apetecia ler a ironia, que tanto gosto me dá, do Eça; enfim, apetecia-me ler outra coisa. E de facto, o que eu andava à procura, mesmo sem saber, era disto...


A capa deste livro é amarela. Como as fachadas dos prédios de Évora. Como a luz do sol em Évora. Onde o livro se passa. Na Páscoa deste ano fiz o mesmo que o Alberto, o "doutor" Alberto. Eu, recém munida do meu canudo, e de luto, fiz-me à estrada. Por aí abaixo. Queria ver o país, foi o que pensei. Vi o país, vi Aveiro, vi Sintra, vi Lisboa ao longe, vi Alcobaça, vi e vi. Atravessei a ponte Salgueiro Maia, em direção ao Alentejo. Nunca lá tinha ido. De repente era um país novo... Ainda tinha na minha mente as palavras que lera no Portugal do Miguel Torga, que propositadamente lera antes de sair de casa. Cheguei a Évora. Foi para mim, amor à primeira olhada. Senti que havia naquela cidade um desfecho ao que eu já vinha a viver ao longo de tantos anos. Recordo cada minuto que passei em Évora. Do calor que se fazia sentir, era a primeira vez que sentia calor em 2015. Passeei-me pelas ruas de Évora, como fez o Alberto, o professor. Vi-as outra vez esta tarde, quando de rajada virei página a página deste livro. Que livro lindíssimo! Bonito como o amarelo das ruas de Évora. Como os hectares da terra primaveril do Alentejo.

Do provincianismo,
Nas descrições e sinopses, teima em aparecer a designação "provincianismo". Quase como se o modo de vida a que uns ditos intelectuais apelidam de provincianismo fosse uma forma de viver "de segunda". Eu não vi provincianismo em nenhuma destas vidas deste livro. Aliás, também não vejo provincianismo nos livros do Eça. Que este livro me fez lembrar. Vejo vidas. Não vejo vidas provincianas. A complexidade da vida encontra-se nestas vidas que o Vergílio Ferreira descreveu. As vidas não são menos ou mais complexas em função do lugar onde vivem.

Ler este livro foi para mim um encantamento. Li com carinho todos os episódios, desde o do cão; à morte do pai, às contendas dos irmãos, as problemáticas irmãs, etc. Fico contente por terminar 2015 com a leitura de um livro que me fez lembrar a semana mais feliz que tive este ano.
Profile Image for Paula Mota.
1,582 reviews543 followers
September 30, 2019
É-me difícil classificar uma obra que tem tanto de admirável como de irritante, que, por um lado, descreve paisagens e momentos de dor de uma forma tocante e, por outro, apresenta diálogos e passagens de introspecção simplesmente pedantes, que me exasperaram ainda mais quando passam para a 2a. pessoa do singular, pretendendo saber o que vai na mente dos outros com a maior das sobrancerias.
Já as personagens são totalmente neuróticas e ensimesmadas. Alfredo, apesar de parecer um néscio e um pacóvio ao pé dos outros, para mim, é a única pessoa com os pés na terra e que tem soluções práticas, ainda que não perfeitas, para esta angústia toda de que se alimentam Alberto, Ana, Sofia e Bexiguinha.
Depois de 20 anos sem ler Vergílio Ferreira, acho-o demasiado etéreo e melodramático.
Profile Image for Ana.
741 reviews113 followers
June 9, 2023
Muito filosófico e existencialista, este romance relata a vida de um jovem professor do liceu (ao que parece o alter-ego do autor) que, tendo perdido o pai há pouco tempo, se perde em reflexões sobre o sentido da vida, acabando por nelas envolver uma série de outras pessoas.

Apesar do tema pesado e de uma dose substancial de tragédia, não achei “Aparição” um livro triste nem deprimente, contendo mesmo algumas passagens bastante animadoras.

Às vezes ponho-me a pensar no caso dos meus filhos. Eles são seres independentes, sentem-se a si próprios sem ligações com nada, como nós nos sentimos em relação aos nossos pais. Ainda que se pareçam connosco, que tenham os nossos tiques, eles não o sabem, não o entendem. Mas eu vejo-os de mim para eles e sinto que alguma coisa de mim está neles, que alguma coisa me pertence. A minha vida é única, é um “milagre”, como tu dizes. O nada absoluto da morte atordoa. Mas eu sei que para além de mim há a vida e que a vida não morre.

Mas sobretudo, a escrita é muito bonita e dá prazer ler, só mesmo por isso: Regresso a férias pela primeira vez, depois que o meu pai morreu. Natal. Possivelmente não haverá ceia este ano. Para mim não faz diferença: estou eu e aquilo que me povoa. A evidência da vida não é a imediata realidade mas o que a transcende e estremece na memória. A minha memória está cheia.

Ou então porque algumas passagens refletem a minha própria experiência. Esta, por exemplo relata de forma bastante fiel o que senti durante umas arrumações que fiz nas últimas férias em casa dos meus avós: Subitamente, no meio da confusão da livralhada, descubro o álbum da tia Dulce. (…) É um álbum velho, pesado como o tempo. (…) As folhas cartonadas só se passam devagar; e em cada face de folha, só um ou dois retratos. Vida efémera. Tão breve. (…) Cerro os olhos e sei de novo que toda esta gente morreu. Mas o que mais me perturba é pensar que o rasto dessa gente está suspenso de mim. Porque eu tenho ainda uma pequena notícia da sua vida, o eco apagado do que foi a massa complexa do seu ser e sentir. (…) Mas de muitos retratos já nada sei. São esses que eu fito com mais angústia. (…) Que medos, que sonhos, que virtudes lhes inventaram a vida em eternidade? (…) Frágeis fios destas imagens amarelecidas, convergindo para mim, para a minha memória cansada, presos do futuro por uma breve referência, uma nota, uma etiqueta. Terei um filho talvez. Eu lhe contarei o que sei de vós. Mas ele o esquecerá talvez, ou o filho do meu filho, ou o filho do filho do meu filho. Então aparecereis num recanto do sótão, absurdos, incríveis, inquietantes, com uma face a falar ainda, como o olhar de um cão que nos fita, nos procura, e que o silêncio de permeio e que um vidro de permeio separam irremediavelmente de nós. Mas agora ainda estais vivos, ainda alguém, eu, aqui, silencioso nesta casa solitária, vos liga à vida que freme para lá destes muros (...). Sede vivos neste instante infinitesimal em que vos fito e vos sei um nada do vosso convulso e rico e inverosímil milagre.

Uma boa leitura, que só não me encheu as medidas porque em certas partes me pareceu arrastar-se / repetir-se um pouco e alguns diálogos me pareceram um tanto artificiais.
Profile Image for Maria Carmo.
2,032 reviews51 followers
April 17, 2012
This is a wonderful book and I was privileged to know both it's Author (who was my Latin Teacher for two years at High School) and some of it's characters too. The book has been translated into many languages and is a wonderful incursion into the questions of life and death, friendship and love.

Este é um livro extraordinário. Tive a sorte de ter sido aluna de Virgílio Ferrereia durante dois anos, em que o contacto com a turma de latim era diário. Para além disso, conheci também a pessoa real que deu origem a "ANA" - uma amiga da Família que era professora em Évora.

Foi dos livros de Virgílio Ferreira de que mais gostei, tendo lido quase todos os que sinham sido publicados até aos anos oitenta.

A ler,

Maria Carmo

17 04 2012.
Profile Image for Maria.
264 reviews157 followers
May 6, 2021
"Há no Homem o dom perverso da banalização. Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir em palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras"

Apenas tinha lido um conto de Vergílio Ferreira e pouco conhecia da sua vida e obra, antes desta leitura. O autor, na primeira pessoa, convida-nos a um existencialismo inquietante, que conduz a tanto sofrimento por parte do seu alter ego Alberto Soares, que busca um sentido para si mesmo e para o que o rodeia, julgando os outros, julgando-se a si mesmo, com laivos de obsessão por essa mesma busca.

O protagonista é um professor de liceu recém licenciado, que, após a morte do pai, se muda para Évora, cidade misteriosa e mesquinha, que lhe traz um ano agitado e diferente, tornando-se menos acolhedora com o passar da narrativa.

É uma leitura brilhante, porventura cansativa se não estivermos dados a reflexões, mas que recomendo por ser uma experiência para mim até agora única na literatura portuguesa e na qual o autor faz um exercício exímio da linguagem, com passagens verdadeiramente citáveis e cativantes.
Profile Image for André.
114 reviews75 followers
November 16, 2016
Se as palavras são pedras, em Vergílio são obsidianas: vidros opacos, negros como a dureza da verdade que comportam... Vidros, sim, que sabemos cortantes e ainda assim desejamos tocar, tão belos, Sofia, tão bela, como uma certeza reinventada à evidência da sua aparição...

Este instante em que te penso, que é simultaneamente passado e futuro, não é menor do que a vida: é ela própria fechada sobre si como testemunho de que o tempo somos nós. A vida, pois, nada é – para quê uma solução que a resolva? Sou enquanto estou. Vejo-me como quem se reconhece a um espelho e se deslumbra perante o milagre de estar vivo, adivinhando a existência toda estampada no reflexo.

Obrigado, Vergílio Ferreira. Viverás enquanto houver quem se comova à tua lembrança.
Profile Image for Owlseyes .
1,790 reviews298 followers
October 29, 2022
"...the best known is Aparição, which explores the relationship of a teacher with his students in an almost essayistic manner; lengthy philosophical monologues and dialogues characterize this quasi-existentialist work, which widely influenced contemporary Portuguese fiction".
In Britannica.com


"It is the story of an endless quest for personal liberty: the author passionately condemns the right of the Church or the government or the family to impose their own vision of what is good and what is evil. It is not surprising that Ferreira became one of the most outspoken critics of Salazar's detested dictatorship".
In Obituary: Vergilio Ferreira
James Kirkup, Monday 4 March 1996
Independent.co.uk


"In his existentialist path, a literary personality rises in his reference gallery: André Malraux. In a bio-bibliographic comparison, there are many affinities. Both Vergílio Ferreira and Malraux are men of strong conviction, with no desire for institutional integration with a political cut - but never forgetting their veins as men of the polis - and for reflection on man and man. The proximity between them requires a brief reference to the way Malraux thought of cinema, because this thought belongs to the sphere of his influence".
In Vergílio Ferreira and Malraux: Literature, Existentialism and Cinema. By Luis Cardoso

"O Absoluto não é, para os existencialistas, excetuando, talvez, Kierkegaard, seu iniciador, Deus, mas o homem. Em Aparição, o homem ocupa os aposentos divinos".
In "Aparição de Vergílio Ferreira, para além do existencialismo, o humanismo integral" by
Manuel Fernando Passaes








Is this a Sartrean or a Camusean novel? Maybe 40% Sartrean and 60% Camusean. Rather, 20% Sartrean, 40% Camusean and 40% Vergílian.


Too cruel, having Sofia being killed by the end of the book. Her sister Cristina, the piano player, had died on a car accident. The third sister, Ana, who could not get pregnant, the only one who could philosophize along with Alberto, turned into a "mother" by adopting kids. Carolino, the pupil who liked to think, became a killer.

This is mainly a (tragic) teacher's story of self-discovery, midst several people. Some, supposed to be friends. And yet, Alberto is on his own. Alone.
Profile Image for Fátima Linhares.
865 reviews321 followers
June 23, 2019
Esta leitura surge com alguns anos de atraso, pois fazia parte do programa de português do 12°ano. Deveria ter sido lida lá pelo ano lectivo 2004/2005, mas não foi 😅

Li-a agora e não gostei e acho até que para adolescentes de 16 anos seria de difícil leitura e compreensão.

Esta aparição é narrada por Alberto, um professor de liceu que vai para Évora dar aulas de latim e português.

É um homem atormentado pela morte e pelo sentido da vida.
Profile Image for Rita.
70 reviews
August 27, 2017
Assombroso. Mais do que se colar à pele, invade-nos os orgãos, enreda-se nos pensamentos, despoja-nos de palavras. Existencialista e realista. Estranha e perfeita combinação, tal e qual nos acontece (por vezes; tantas vezes) na vida.
Profile Image for Francisco.
74 reviews
April 8, 2012
Filosofia: não se pode viver com ela, não se pode viver sem ela! Um bocadinho como o haxixe. E o que o sô Vergilio se propôs foi a relatar a história de um tipo (e aqui eu não sei se o sujeito é autobiográfico) que vai para Évora para ser maltratado! À bruta!

A Aparição, à boa maneira de Camões, tem camadas, a principal sendo a vida de um professor e a secundária uma teoria filosófica repetida demais. Se eu quisesse generalizar diria que a primeira é uma espécie de Great Gatsby de Évora (mais novelesco, claro: é Évora!!!) e a segunda éééé aquilo. Cá vai: EXISTEM DOIS EUS EM CADA UM DE NÓS, E É A APARIÇÃO (hence the title) DO NOSSO EU INTERIOR AO NOSSO EU "EGO" A PROVA DO PODERIO HUMANO. BASTA APENAS SABER QUAL É O SENTIDO DA VIDA. SABE-SE APENAS QUE TERÁ DE SER HUMANIZADO E NÃO ENVOLVE REZAS. AT. ALL.

Agora não me plagiem, mas ainda hei-de escrever um livro que seja um bocado como a Aparição: em vez de escrever um tratado kantiano, acho que a filosofia deve ser misturada com uma história para ajudar a "digerir" as ideias em si. Um bocadinho como as ilustrações dos livros para miúdos.
Adios, Sartre! Au revoir, Camus! (A vossa sorte é eu não conhecer mais filósofos existencialistas, porque isto tinha potencial!)

Profile Image for Sara Williams.
277 reviews856 followers
April 15, 2015
Aparição é um livro de leitura obrigatória na minha disciplina de Literatura Portuguesa e eu já estava mais que atrasada na sua leitura e análise, aquele prólogo aborrecia-me e não via maneira de andar para a frente com a história, ainda para mais a minha edição tem letras que dificilmente com uma lupa são compreensíveis, pelo que ontem de manhã escolhi levar este livro comigo e fazer-me a mim própria lê-lo. E li, por volta da uma da tarde já o tinha terminado. Engoli as palavras seriamente e li-o quase todo de seguida, talvez assim, sem pausas, me tivesse caído melhor.
De Vergílio já tinha lido Manhã Submersa, e mais uma vez, tenho pouca motivação para iniciar a leitura destas obras portuguesas, sei que é mau da minha parte, mas sendo sincera, raramente um romance deste género me chama a atenção.
Gostei da obra Aparição. Já sabia de toda esta sua estrutura existencialista. Gostei do facto de não ser só o existencialismo na obra, e haver de facto todo um romance-ensaio por detrás das dúvidas existencialistas do narrador Alberto. As nossas personagens são bem estruturadas e com vontade própria, e o romance nunca me pareceu meloso, muito menos senti que estava a 'engonhar'. Que não muda vidas, não, não as muda, mas não é essa a única razão pela qual se lê. Acompanhar Alberto neste seu ano lectivo com altos e baixos, na sua paixão louca por Sofia, a tragédia das três mortes e a sua dúvida constante, por si só, fizeram a obra valer a pena.
Recomendo.
Profile Image for tiago..
451 reviews130 followers
February 10, 2022
Era necessário que todos os homens vivessem em estado de lucidez, se libertassem das pedras, chegassem ao milagre de ver. Era absolutamente necessário que a vida se iluminasse na evidência da morte. Viriam a chamar-me «mórbido», «doentio». Porquê? Mais real do que o nascer era o morrer. Porque quem nasce é ainda nada. Mas quem morre é o universo, a pura necessidade de ser. Um homem só é perfeito, só se realiza até aos seus limites, depois de a morte o não poder surpreender. Não porque a tivesse decorado como um gato-pingado, não porque a tivesse esquecido, mas por tê-la incorporado na plenitude da vida.

Eis a demanda que obceca o nosso insigne protagonista, o nosso bom Alberto, no período da sua vida que nos relata nesta Aparição. Recém-chegado a Évora, ele sabe, duma inabalável certeza, que Deus está morto, Deus permanece morto, e que nós o matamos ; mas não sabe muito bem em que direção partir, chegado a este ponto. Por um lado, a experiência, inabalável, irrevogável de viver, absolutamente, necessariamente; por outro a certeza inconcebível, mas igualmente necessária, de que morrerá. Como conciliar estas duas oposições? Como pode esta vida, necessária e absoluta, ter um fim, deixar de ser? É talvez isto que, mais que outra coisa, constitui o cerne deste livro. E não se pode dizer que Alberto tenha chegado a uma solução firme; mas talvez que, pelo final, tenha chegado a conformar-se com a natureza humana.

Ao longo do processo, Alberto vive a sua vida em Évora: faz amigos, descobre amantes, espalha a sua demanda às pessoas que o rodeiam. Se alguns o tomam por demente, idealista ou subversor, outros lhe acolhem as ideias e se deixam obcecar também por esta demanda febril. Os que não acabam mortos ou enlouquecidos regressam aos suaves confortos das respostas da Igreja, longe de tão incómodas perguntas. E Alberto, regressado às suas ruminações solitárias, perseguido pelos rumores da populaça que o responsabiliza por subverter até à loucura as gentes de uma até então pacata cidade, parte de Évora; presume-se que para não mais regressar.

As divagações filosóficas são cativantes e a escrita um verdadeiro primor, mas devo confessar que esta atitude sobranceira e condescendente que o nosso Alberto por vezes toma, achando-se na posse única da verdade, dizendo aos outros personagens aquilo que sentem ou deixam de sentir, acaba por causar alguma irritação. Só isso tira o brilho a este enorme livro.

Mas não por isso acabou aqui a nossa história, Vergílio; regressarei às tuas páginas e às tuas perguntas, isso to garanto.
Profile Image for Filipa Marcelo.
118 reviews
July 2, 2025
"As palavras são pedras, o que nelas vive é o espírito que por elas passa."
Profile Image for João Francisco Ferreira.
78 reviews6 followers
September 18, 2021
Andei na Escola Secundária Vergílio Ferreira durante 3 anos e pareceu-me por bem, finalmente, ler uma obra dele. Gostei bastante do retrato da cidade e das vivências de Évora na época que Vergílio Ferreira a viveu, e também da pequena vivência em Trás-os-Montes. Porém, todo o livro é bastante filosófico e existencialista, demasiado para mim. A escrita por vezes consegue ser brilhante, mas a maioria das vezes é só confusa e vazia, tornando as reflexões que o autor tenta propor inatingíveis e pretensiosas. As personagens são extremamente chatas e por vezes irritantes, especialmente o narrador. Para além disto, os diálogos são demasiado fabricados, o que torna tudo bastante irreal e, até diria, cómico. A própria sequência dos acontecimentos e reflexões do narrador é feita de uma forma estranha e brusca, da qual não sou fã. Infelizmente, acho que não irei ler mais Vergílio Ferreira nos próximos tempos.

“Se algum crime houve em mim, foi só o de ter nascido.”
Profile Image for Hugo Domingos.
2 reviews2 followers
May 9, 2012
One of my favorite books of all time!
I was forced to read it in school.. and at time I tought to myself: another boring book!
I never tought I would be so amazed by writing style of Vergílio Ferreira and the story involving the charactersof this book! A master piece of Portuguese literature and a deep reflexion about life and the human condition!
Profile Image for Filipa Machado.
231 reviews7 followers
October 12, 2019
Um livro denso, de releitura de frases. Mas muito reflexivo enquanto o narrador expõe os seus pensamentos dizendo tudo o que pensa. Reflete sobre a vida, a circularidade da mesma, as inquietações existenciais. Muito filosófico.
Profile Image for Rita Loios.
11 reviews1 follower
January 31, 2024
Uma típica tragédia portuguesa, com personagens, histórias, cenários reais e autênticos, que me aqueceu a alma e me reconfortou a memória da minha cidade-natal, Évora.
Profile Image for Rute Paulo.
266 reviews21 followers
May 17, 2023
Uma agradável surpresa.
Há muito que ando para ler este livrinho que comprei em segunda mão num alfarrabista. É uma história humanista e que necessita do nosso "eu" para a compreendermos.
A minha estreia com o autor Vergílio Ferreira e acho que não ficarei só por este "aparição"
15 reviews1 follower
January 28, 2021
Estaria a mentir se não dissesse que o livro foi uma desilusão tendo em conta as elevadas expetativas que me tinham sido criadas. O narrador, um pretensioso professor de liceu, não me parece sequer arrogante de propósito, nem na sua intenção, nem na intenção do autor, o que desde logo cria uma certa ansiedade ao leitor.
Além do mais, toda a questão do livro volta-se em cerca da existência de mais que um eu, uma velha questão filosófica que é batida e rebatida no livro ao ponto de que a certo momento é mais um aborrecimento do que algo de novo (fazendo lembrar, num dos momentos melhor conseguidos na obra, o que Bexiguinha diz acerca das palavras que tantas vezes repetidas perdem o seu significado).
As personagens em geral não são muito bem desenvolvidas e até própria história por vezes parece ser meio enfeite para servir os propósitos de reflexão que centram a história. Esperava mais, vale a leitura por breves momentos de excelência (dignos até de nota 5) e de beleza rara, curiosamente nos momentos mais narrativos e/ou descritivos até do que na sua filosofia que, pese a utilização de palavras caras (parece-me um exercício de pretensão de intelectualidade), volto-me agora eu a repetir, me soube sempre a vazia e oca.
Daí a nota 3.
Profile Image for Rosa Ramôa.
1,570 reviews84 followers
October 7, 2014
A história e o enredo de um individuo maltratado!
Sobre egos e eus. Coisas de humanos!
Filosofias existencialistas e dúvidas sobre a vida e a morte.Sobre Deus.Sobre medos.Sobre a essência de nós.Sobre entendimentos.Sobre comunhao. Sobre destino.Sobre prisão.Sobre o Universo.Sobre interrogações que fazemos a nós e cujas respostas ainda procuramos...

“Mas o que sei é que o homem deve construir o seu reino, achar o seu lugar na verdade da vida, da terra, dos astros, o que sei é que a morte não deve ter razão contra a vida nem os deuses voltar a tê-la contra os homens, o que sei é que esta evidência inicial nos espera no fim de todas as conquistas para que o ciclo se feche – o ciclo, a viagem mais perfeita. Não me pergunteis como consegui-lo, não me pergunteis. O que é evidente aparece.”




Profile Image for João Vaz.
254 reviews26 followers
July 19, 2018
Eh pá, fraquinho. O que me puxou para ler Aparição foi a sua aura existencialista, mas as discussões filosóficas ou pairam no ar ou caem do céu, não se percebendo bem como foram aparecer no desenrolar da história ou em diálogos entre os personagens. A falta de um enquadramento específico (pra além do personagem olhar a montanha e ser arrebatado pelo impulso de se pôr a cogitar) torna toda a dimensão filosófica do livro um pouco bizarra. Parece, mesmo, revelar algum amadorismo: passei o livro inteiro de olhos semicerrados, como que em permanente estado de desconfiança. Deve antes querer dizer que não tenho o génio musculado. Talvez outro Virgílio.
Profile Image for Tânia Stattmiller.
69 reviews3 followers
January 28, 2022
Que livro incrível! A escrita de Vergílio Ferreira é incomparável! Cada frase parece retirada de um poema. Uma prosa filosófica que nos faz pensar nas nossas escolhas, no nosso papel connosco próprios e com o universo, na relação com os outros e no sentido da vida. Que valores queremos transparecer? Sabemos lidar com a morte e com o amor?
“Que será necessário inventar-me ou descobrir-me em mim para saber que tenho o que quis, quando o tiver? Porque eu sei o que desejo, mas pode a vida não sabê-lo: a vida também sou eu, o que ignoro de mim, amanhã”.
“Ver não é um erro. O que acontece é que nem todos os olhos aguentam: a cegueira que aí nasce vem dos olhos, não da verdade.”
Profile Image for Fábio Duarte.
19 reviews11 followers
May 25, 2014
Numa época em que se apela que sejamos unidos, a Aparição vem dizer que a individualidade do homem é indiscutível, que cada corpo, mesmo que sem auréola divina, é sagrado por ter em si o milagre fantástico da vida e se desfazer dela no absurdo, mas necessário, espetáculo da morte. Procurar moral nesse Deus que não conhecemos nem sentimos é gritar que temos medo. O homem tem-se a si, está puramente só no Universo que o esquecerá dentro de poucos minutos. Que fazer? Ser a raiz de nós mesmos, ser aquilo que somos para lá das palavras de alfabetos-prisões; ser para lá de animal e saber que somos eternos na nossa efemeridade, deuses dos nossos próprios destinos.
Afirmarmo-nos grandes, poderosos. Saber que temos em nós o tudo e o nada e, sem temores, procurar quem somos, no que acreditamos. Este livro, de entre muitas coisas, ensinou-me (ainda que já tivesse experienciado) que a solidão é a flor aberta para o entendimento, ainda que a comunhão seja necessária.
Numa escrita sublime, poética, Vergílio traça-nos um grande livro que é um ponto de interrogação constante
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July 4, 2012
{Blog} http://tempodler.blogspot.pt/2012/07/...

Nunca comecei um livro que não acabasse de ler…NUNCA…mas desta vez estive muito perto!
Não apreciei minimamente todo este existencialismo sensaborão onde o homem ocupa o papel central - um ser complexo, fruto exclusivo dos seus actos e escolhas.
À medida que acompanhamos Alberto Soares nas diferentes fases da sua vida ficamos a conhecer os seus pensamentos, sentimentos, angústias e inquietações, testemunhando a forma como somos responsáveis não apenas por nós próprios mas também pelos outros.
Este tipo de profunda reflexão torna o livro imensamente aborrecido de ler além de ser um livro paradíssimo-zíssimo-íssimo!!
Lembro-me que me custou muito ler "Aparição"…achei-o tão cativante como uma pastilha elástica colada na parede. E menos motivante ainda.
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