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"O Mundo de Sofia", recomendado pela minha professora de Filosofia do 10º ano foi um livro que me impactou de tal forma que hoje, passados quase trinta anos, ainda vive dentro de mim. Era uma obra obrigatória na disciplina, mas que, se inicialmente me causou aquela frigidez da obrigatoriedade, passadas algumas páginas toda eu era Sofia, uma das personagens, completamente embrenhada no mistério que a narrativa oferece. Esta obra, considerada um romance filosófico, foi escrita por Jostein Gaarder e publicada em 1991. A narrativa inicia-se com Sofia Amundsen, uma adolescente que vive em Oslo, na Noruega, e que começa a receber cartas anónimas com perguntas filosóficas. "Quem és tu?" ou "De onde vens?", "Qual o teu propósito?", "Sabes porque estás aqui?" Questões para as quais uma adolescente de quinze anos não está preparada. Eu pelo menos, não estava.
As cartas são enviadas por um misterioso professor de filosofia, que começa a guiá-la numa jornada pelo mundo da filosofia, desde os filósofos pré-socráticos até aos pensadores modernos.
Ao longo do livro, Sofia vai descobrindo os conceitos filosóficos fundamentais, como a teoria do conhecimento, a ética, a metafísica e a filosofia política. Ainda sobra espaço para a história da filosofia ocidental e as principais escolas do pensamento filosófico.
Além disso, a narrativa permeia-se entre a vida quotidiana de Sofia (igual a de tantos de nós e daí a enorme identificação com a narrativa) e a história da filosofia, incluindo as histórias fictícias de filósofos importantes como Sócrates, Platão, Aristóteles, Descartes, Spinoza, Kant, Nietzsche e Jean-Paul Sartre.
"O Mundo de Sofia" é um livro cativante, didático, pedagógico, que apresenta a filosofia e o pensamento filosófico numa linguagem bastante simples, tornando-o acessível aos leitores de todas as idades, principalmente os adolescentes, os mais difíceis de cativar para estas questões.
"O Mundo de Sofia", foi um livro que me tirou da confortável e quentinha caverna da ignorância onde me encontrava e me deu coragem para escalar os pelos do coelho e assim descobrir algumas das maravilhas que este mundo tem para oferecer. Ainda hoje mantenho esse espírito e quando me sinto cansada e com vontade de coltar para a caverna, penso em Sofia Amundsen e no quanto ela viveu e ganho logo um novo fôlego para continuar.