Rodrigo Constantino's Blog, page 445
April 17, 2011
O lado negro da internet

Rodrigo Constantino
Há uma crença cada vez mais disseminada de que as novas tecnologias por si só serão capazes de derrubar regimes autoritários e levar a democracia mundo afora. Os recentes acontecimentos no Oriente Médio serviram para reforçar tal crença, quando muitos atribuíram o mérito das revoluções ao Twitter ou Facebook. Mas Evgeny Morozov tem opinião bastante diferente, expressa em seu instigante livro "The Net Delusion", que tenta mostrar justamente o lado negro da internet.
O autor demonstra maior ceticismo quanto ao potencial libertador das novas tecnologias, combatendo o que chamou de "cyber-utopia", a idéia de que a internet favorece os oprimidos e não os opressores. Morozov acredita que as expectativas com a internet andam bastante infladas ultimamente, e apresenta argumentos importantes para suscitar mais desconfiança. Ele alega que o papel efetivo da internet na busca pela liberdade é ambíguo, e que creditar as redes sociais como causa das revoluções árabes é altamente questionável. Afinal, Facebook não faz brotar armas nas mãos de rebeldes.
Quanto mais as lideranças ocidentais reforçarem a crença de que a internet é uma poderosa aliada na luta contra regimes autoritários, mais estes vão reagir, encarando a internet como uma arma dos governos ocidentais. Nada garante, segundo o autor, que a própria internet não seja usada pelos opressores de forma eficiente no controle dos cidadãos. O autoritarismo, não custa lembrar, não depende somente da força bruta; religião, cultura, história, nacionalismo, todos são forças potentes e que não necessariamente saem enfraquecidas com o advento da internet.
Por trás do instrumento estão sempre pessoas. E enquanto a internet ajudou a tornar quase tudo mais barato, a estupidez humana ainda é uma commodity que ostenta preço relativamente alto. A visão ocidental de que todas as pessoas aspiram liberdade e que basta retirar alguns obstáculos do caminho que tudo ficará bem parece muito ingênua. O Iraque demonstrou como é mais complicado exportar democracia sem as devidas instituições estabelecidas. Que existam muitas vozes na internet é algo ótimo, mas é preciso também saber quais vozes. Nada garante que serão apenas vozes em prol de mais liberdade.
O que costuma receber mais atenção na internet são bobagens, vídeos tolos, não documentários ou argumentos políticos a favor da liberdade. A tecnologia é importante, mas seu conteúdo ainda depende muito do ambiente cultural da sociedade. Quando a grande preferência é por lixo puro, isso não se traduz em mais pessoas conscientes e dispostas a lutar por mais liberdade. A Stasi descobriu que os alemães orientais com acesso clandestino aos programas de televisão do lado ocidental não queriam saber de notícias da OTAN, mas de seriados americanos para passar o tempo. E acabavam se tornando mais dóceis que os demais, aceitando de forma mais resignada sua situação.
Enquanto Orwell achava que nossos medos iriam nos escravizar, Huxley pensava que nossas paixões fariam isso. Em vez de o "Grande Irmão" de "1984", o "soma" do "Admirável Mundo Novo" faria com que cidadãos se transformassem em súditos passivos. Ocorre um efeito anestésico, trocando-se a repressão da ditadura pela magia da Louis Vitton. Pode não ter pão o suficiente, mas há muito circo para distrair o público. A ditadura chinesa chegou a suspender um banimento de pornografia na internet, pois notou que ela ajudava a manter o povo mais calmo. A censura estava ajudando a politizar a população. O entretenimento ajuda a mantê-lo hipnotizado.
Além disso, os governos autoritários aprenderam a usar a internet para ludibriar o povo. O PCC possui milhares de blogueiros "chapa-branca", que recebem dinheiro para postar comentários favoráveis ao regime chinês. São conhecidos como "fifty-cent party", por receber meio dólar para cada comentário. No Brasil mesmo, vários blogs vivem de verbas públicas, e durante as últimas eleições, a campanha do PT criou um "bunker virtual" para espalhar propaganda pela rede. Com um fluxo absurdo de "informação" na internet, fica difícil separar o joio do trigo, sem falar de teorias conspiratórias e falácias que pululam na rede. Tem muitos que até hoje pensam que o ataque no 11 de setembro de 2001 foi organizado pelo próprio governo americano, e há vasta "evidência" na rede para os que querem acreditar nisso.
Outro ponto abordado pelo autor diz respeito a maior facilidade que os regimes opressores encontram na internet para espiar potenciais dissidentes. Muitos internautas expõem voluntariamente diversos detalhes de suas vidas, num verdadeiro "momento Caras", e isso é um prato cheio para as autoridades. O trabalho que tinham a KGB e a Stasi para coletar informações sobre suspeitos parece brincadeira quando basta um click no Facebook hoje para tanto. Com uma senha roubada um governo pode ter acesso a todas as mensagens de um dissidente. Novas tecnologias, como reconhecimento facial, podem ajudar governos a encontrar inimigos. Enfim, a internet é apenas uma ferramenta, e pode ser usada para o bem ou para o mal.
Morozov destaca o risco da internet produzir complacência também. Ser um dissidente exige tempo, dedicação e comprometimento. Hoje, em uma sociedade bastante narcísica, ficou muito fácil posar de "bom samaritano", apoiar as causas mais nobres do mundo, sem, contudo, se implicar de verdade. Basta clicar em "curtir" ou "compartilhar" e todos os seus "amigos" (quem tem 500 amigos de verdade?) da rede saberão como você se preocupa com a fome na África ou com a democracia no Oriente Médio. São, além disso, campanhas demais, causas demais competindo entre si. Elas angariam milhões de adeptos, mas que dificilmente fazem mais do que apertar um botão do mouse. Na hora de contribuir financeiramente, de se arriscar, de se organizar efetivamente pela causa, o vídeo novo do YouTube com o gatinho puxando a descarga conquista mais atenção.
Por fim, o livro refresca a memória dos leitores com as lições da história. No passado, não foram poucos os avanços tecnológicos que produziram um otimismo excessivo nas pessoas. Marx achava que as ferrovias iriam derrubar o regime de castas indiano. Em 1858, a revista "New Englander" estampou: "O telégrafo une por um cordão vital todas as nações da Terra... é impossível que antigos preconceitos e hostilidades possam continuar existindo". Nos anos 1930 muitos pensaram que o avião iria espalhar a democracia pelo mundo, refinar o gosto das massas e acabar com as guerras. Parece que a Luftwaffe não concordava. O rádio fez pessoas sonharem com a paz sobre a Terra, mas Hitler e Mussolini não compartilhavam deste otimismo. A televisão passou a ser a grande esperança, mas faltou novamente combinar com os inimigos da liberdade ou com os produtores de lixo. Nada prova que assistir a onze "Big Brother Brasil" seguidos contribui na luta pela liberdade de uma sociedade.
Em suma, avanços tecnológicos podem colaborar com a luta por mais democracia e liberdade, mas não há garantia alguma de que o efeito será positivo, muito menos sempre positivo. A complacência apenas serve para aumentar os riscos. Quando muitos passam a crer que basta ter uma rede social que automaticamente mais liberdade será o resultado, aí mesmo é que mora o grande perigo. Inovações tecnológicas estão sempre prometendo demais e entregando de menos quando se trata de mudar a natureza humana. O preço da liberdade é a eterna vigilância. A internet pode ajudar nesta vigilância, mas também ajuda na vigilância do governo sobre nós, ou na organização de terroristas, criminosos e disseminadores de ódio. A luta não está definida. Contra a "cyber-utopia", o ceticismo de Morozov é muito bem-vindo. Devemos reconhecer o lado negro da internet, pois ele existe.
Published on April 17, 2011 17:45
April 14, 2011
Tombini assustado

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
A capa do jornal Valor desta quinta-feira estampou: "Inflação assusta e BC abre diálogo com ministérios". Segundo a matéria, o Banco Central estaria preocupado com a persistência da inflação, especialmente dos preços de commodities. E isso fez o presidente do BC, Alexandre Tombini, mobilizar um grupo de especialistas do governo para aprofundar o debate e entender melhor o que se passa no setor.
Quando o próprio presidente do BC, teoricamente o guardião da estabilidade dos preços, parece viver no mundo da lua, então é porque a coisa está realmente feia. Será que Tombini não sabe que inflação, como já alertara Milton Friedman e Ludwig von Mises, é sempre um fenômeno monetário? Enquanto o governo anuncia medidas "macroprudenciais" de efeito tímido e incerto, os preços seguem em alta, e não apenas os agrícolas: os serviços subiram 8,5% nos últimos 12 meses. O crédito, especialmente o público, sobe sem parar. O governo parece ver o BNDES como uma fonte inesgotável de recursos. E a reação do presidente do BC é debater com ministros, ligados ao setor agrícola, o que está acontecendo com os preços?
Parece piada de mau gosto! Qual será o próximo passo do governo Dilma? Recriar os fiscais do Sarney para controlar os preços do chuchu? Colocar a culpa da inflação na ganância dos empresários? Apelar para o congelamento de preços? A verdade é que Tombini não demonstra ter nem força política para ser independente em sua política de juros, nem conhecimento profundo das verdadeiras causas da inflação. Se Tombini está mesmo assustado com a inflação, imagine como estão assustados aqueles que entendem um pouco mais de economia e observam as reações do governo diante dos riscos inflacionários...
Published on April 14, 2011 15:00
April 13, 2011
Coluna de Merval Pereira
Na coluna de hoje de Merval Pereira em O Globo:
"O poder das novas mídias, como o Facebook e o Twitter, foi dos temas mais debatidos no Fórum da Liberdade, e houve de tudo, desde o depoimento de Rony Rodrigues, jovem empresário defensor intransigente das maravilhas da internet, sem aceitar qualquer reparo a essa ferramenta, até o contraponto do economista Rodrigo Constantino, que se encarregou do papel de "advogado do diabo" para desconstruir a propalada força de mobilização de tais mídias sociais, responsabilizadas pela recente revolta popular nos países árabes.
Constantino considera uma ingenuidade achar que foi o Facebook que levou à queda de Mubarak no Egito, por exemplo, e atribui o sucesso dessa nova mídia à espetacularização das relações sociais no momento que o mundo globalizado vive.
Ele chamou a atenção para a quantidade de lixo que se encontra na internet, repisando uma crítica que já havia sido feita anteriormente por Carlos Alberto Sardemberg, fortemente contestado por Rony Rodrigues, que disse que a navegação pela internet pode levar o usuário a acessos interessantes e importantes como também a lixos, o mesmo acontecendo em uma livraria tradicional.
A superficialidade do conhecimento adquirido pela internet foi outro ponto criticado por vários palestrantes."
"O poder das novas mídias, como o Facebook e o Twitter, foi dos temas mais debatidos no Fórum da Liberdade, e houve de tudo, desde o depoimento de Rony Rodrigues, jovem empresário defensor intransigente das maravilhas da internet, sem aceitar qualquer reparo a essa ferramenta, até o contraponto do economista Rodrigo Constantino, que se encarregou do papel de "advogado do diabo" para desconstruir a propalada força de mobilização de tais mídias sociais, responsabilizadas pela recente revolta popular nos países árabes.
Constantino considera uma ingenuidade achar que foi o Facebook que levou à queda de Mubarak no Egito, por exemplo, e atribui o sucesso dessa nova mídia à espetacularização das relações sociais no momento que o mundo globalizado vive.
Ele chamou a atenção para a quantidade de lixo que se encontra na internet, repisando uma crítica que já havia sido feita anteriormente por Carlos Alberto Sardemberg, fortemente contestado por Rony Rodrigues, que disse que a navegação pela internet pode levar o usuário a acessos interessantes e importantes como também a lixos, o mesmo acontecendo em uma livraria tradicional.
A superficialidade do conhecimento adquirido pela internet foi outro ponto criticado por vários palestrantes."
Published on April 13, 2011 06:08
April 12, 2011
XXIV Forum da Liberdade
Alguns destaques:
Zero Hora: Tuítes não derrubam governos, pessoas derrubam
Papo de Economia no Zero Hora: vídeo
Medidas do governo são paliativas para conter inflação: Correio Braziliense
Zero Hora: Tuítes não derrubam governos, pessoas derrubam
Papo de Economia no Zero Hora: vídeo
Medidas do governo são paliativas para conter inflação: Correio Braziliense
Published on April 12, 2011 21:20
A economia brasileira encontra-se em uma encruzilhada
Rodrigo Constantino, Valor Econômico
O modelo econômico brasileiro está chegando a um ponto de esgotamento. A grande melhora nos termos de troca, fruto do acelerado crescimento chinês e da alta das commodities, permitiu um ambiente econômico favorável nos últimos anos. O crédito e o consumo dispararam, e nossa economia apresentou taxas razoáveis de crescimento.
Os gargalos estruturais, porém, já colocam em xeque esse modelo. A inflação tem rodado acima de 6% ao ano, e não se trata apenas de choque de oferta nas commodities. Há um superaquecimento na demanda, estimulada pelo crédito. O desemprego está em patamares historicamente baixos. Os serviços estão subindo uma média de 8% ao ano, sem sinais de arrefecimento à vista.
Enquanto isso, o governo parece viver em negação da realidade, torcendo para que alguma força divina possa aliviar a pressão inflacionária. Sem as reformas estruturais que possibilitariam aumento de poupança doméstica e juros menores, e sem as reformas microeconômicas que reduziriam a burocracia e levariam a um choque de produtividade, o governo acaba refém da política monetária como única ferramenta para conter a inflação.
O anúncio de corte nos gastos públicos não passou de propaganda enganosa, uma vez que os gastos serão maiores este ano do que foram em 2010. E o mercado financeiro começa a questionar a autonomia do Banco Central, que parece claramente "atrás da curva". Surge então a questão: a inflação vai ou não sair de controle?
Contar somente com a política monetária para segurar a inflação é como usar uma bazuca para matar uma formiga: o estrago é geral. Um dos efeitos colaterais do aumento dos juros é apreciar ainda mais a moeda, atraindo capital estrangeiro. O setor industrial, já vítima do excesso de burocracia e impostos, fica em situação ainda mais delicada. Para compensar essa perda de competitividade, o governo libera mais crédito subsidiado para grandes empresas por meio do BNDES. O tiro sai pela culatra.
A despeito do que pensam os atuais governantes, isso não funciona. Em primeiro lugar, a crença de que crédito para investimentos não gera inflação é absurda. Quando a própria presidente afirma, em entrevista a este jornal, que expandir mais ainda o balanço do BNDES não gera inflação, isso envia um alerta ao mercado. E o fato é que a expansão de crédito público foi absurda nos últimos anos. O BNDES tinha ativos de R$ 200 bilhões em 2007, e no ano passado esse valor chegou a R$ 550 bilhões. Um aumento de 270% em apenas três anos! Isso sem falar do risco de má alocação dos recursos, com critérios políticos, e não econômicos.
Em suma, o quadro econômico se encontra em estágio preocupante. Os ventos favoráveis externos criaram um ambiente propício à expansão creditícia. A inflação se aproxima do topo da banda da meta, já é elevada. O governo conta com a esperança de que ela vai automaticamente voltar a patamares mais comportados, sem drásticos cortes nos gastos, no crédito e sem subir muito os juros. Apenas com medidas "macroprudenciais" o dragão seria domado. Contar com isso é irresponsável.
Eis a encruzilhada em que o país se encontra agora. A conta dos excessos estimulados pelo governo parece ter chegado. Há basicamente dois modelos a seguir nesta bifurcação: o chileno e o argentino. No primeiro, o governo faria reformas estruturais, cortaria gastos públicos, retomaria o programa de privatizações, reduziria a burocracia e os impostos, e isso permitiria juros menores e acelerado crescimento sem gerar inflação. O dinamismo econômico faria com que pequenas e médias empresas tivessem mais acesso a capital. Infelizmente, parece um sonho distante.
No segundo modelo, o governo continua fingindo que não existem os problemas graves, tenta manipular os indicadores econômicos e usa bancos estatais para selecionar os grandes grupos nacionais "vencedores". O país continua dependente demais das commodities e, por tabela, do crescimento chinês. Os setores ligados à produção de bens básicos seguem com peso desproporcional na economia e na bolsa. A economia perde dinamismo, afetando as menores empresas. Trata-se um modelo fadado ao fracasso no longo prazo.
Qual será a rota que o Brasil vai tomar? Para os investidores, isso faz toda diferença do mundo. No primeiro caso, o Ibovespa poderia disparar rumo aos 100 mil pontos. No segundo caso, com muita sorte e ajuda externa, ele poderá ficar de lado, em torno dos 70 mil pontos, enquanto a renda fixa oferece retorno bem mais interessante, ainda mais se ajustada pelo risco.
Rodrigo Constantino é sócio da Graphus Capital
O modelo econômico brasileiro está chegando a um ponto de esgotamento. A grande melhora nos termos de troca, fruto do acelerado crescimento chinês e da alta das commodities, permitiu um ambiente econômico favorável nos últimos anos. O crédito e o consumo dispararam, e nossa economia apresentou taxas razoáveis de crescimento.
Os gargalos estruturais, porém, já colocam em xeque esse modelo. A inflação tem rodado acima de 6% ao ano, e não se trata apenas de choque de oferta nas commodities. Há um superaquecimento na demanda, estimulada pelo crédito. O desemprego está em patamares historicamente baixos. Os serviços estão subindo uma média de 8% ao ano, sem sinais de arrefecimento à vista.
Enquanto isso, o governo parece viver em negação da realidade, torcendo para que alguma força divina possa aliviar a pressão inflacionária. Sem as reformas estruturais que possibilitariam aumento de poupança doméstica e juros menores, e sem as reformas microeconômicas que reduziriam a burocracia e levariam a um choque de produtividade, o governo acaba refém da política monetária como única ferramenta para conter a inflação.
O anúncio de corte nos gastos públicos não passou de propaganda enganosa, uma vez que os gastos serão maiores este ano do que foram em 2010. E o mercado financeiro começa a questionar a autonomia do Banco Central, que parece claramente "atrás da curva". Surge então a questão: a inflação vai ou não sair de controle?
Contar somente com a política monetária para segurar a inflação é como usar uma bazuca para matar uma formiga: o estrago é geral. Um dos efeitos colaterais do aumento dos juros é apreciar ainda mais a moeda, atraindo capital estrangeiro. O setor industrial, já vítima do excesso de burocracia e impostos, fica em situação ainda mais delicada. Para compensar essa perda de competitividade, o governo libera mais crédito subsidiado para grandes empresas por meio do BNDES. O tiro sai pela culatra.
A despeito do que pensam os atuais governantes, isso não funciona. Em primeiro lugar, a crença de que crédito para investimentos não gera inflação é absurda. Quando a própria presidente afirma, em entrevista a este jornal, que expandir mais ainda o balanço do BNDES não gera inflação, isso envia um alerta ao mercado. E o fato é que a expansão de crédito público foi absurda nos últimos anos. O BNDES tinha ativos de R$ 200 bilhões em 2007, e no ano passado esse valor chegou a R$ 550 bilhões. Um aumento de 270% em apenas três anos! Isso sem falar do risco de má alocação dos recursos, com critérios políticos, e não econômicos.
Em suma, o quadro econômico se encontra em estágio preocupante. Os ventos favoráveis externos criaram um ambiente propício à expansão creditícia. A inflação se aproxima do topo da banda da meta, já é elevada. O governo conta com a esperança de que ela vai automaticamente voltar a patamares mais comportados, sem drásticos cortes nos gastos, no crédito e sem subir muito os juros. Apenas com medidas "macroprudenciais" o dragão seria domado. Contar com isso é irresponsável.
Eis a encruzilhada em que o país se encontra agora. A conta dos excessos estimulados pelo governo parece ter chegado. Há basicamente dois modelos a seguir nesta bifurcação: o chileno e o argentino. No primeiro, o governo faria reformas estruturais, cortaria gastos públicos, retomaria o programa de privatizações, reduziria a burocracia e os impostos, e isso permitiria juros menores e acelerado crescimento sem gerar inflação. O dinamismo econômico faria com que pequenas e médias empresas tivessem mais acesso a capital. Infelizmente, parece um sonho distante.
No segundo modelo, o governo continua fingindo que não existem os problemas graves, tenta manipular os indicadores econômicos e usa bancos estatais para selecionar os grandes grupos nacionais "vencedores". O país continua dependente demais das commodities e, por tabela, do crescimento chinês. Os setores ligados à produção de bens básicos seguem com peso desproporcional na economia e na bolsa. A economia perde dinamismo, afetando as menores empresas. Trata-se um modelo fadado ao fracasso no longo prazo.
Qual será a rota que o Brasil vai tomar? Para os investidores, isso faz toda diferença do mundo. No primeiro caso, o Ibovespa poderia disparar rumo aos 100 mil pontos. No segundo caso, com muita sorte e ajuda externa, ele poderá ficar de lado, em torno dos 70 mil pontos, enquanto a renda fixa oferece retorno bem mais interessante, ainda mais se ajustada pelo risco.
Rodrigo Constantino é sócio da Graphus Capital
Published on April 12, 2011 03:35
April 8, 2011
Inflação fora de controle
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O IPCA de março divulgado esta semana ficou acima das expectativas do mercado. O ministro Mantega chegou a culpar a chuva pela alta dos preços dos alimentos. O governo parece ainda viver em negação da realidade. O IPCA já acumula alta de 2,44% no primeiro trimestre do ano, o que representa mais de 10% de inflação anualizada. Nos últimos 12 meses, a inflação já chega a 6,3%, muito perto do topo da meta do governo, que é 6,5%.
O governo e alguns analistas "chapa-branca" ainda culpam apenas as commodities pela inflação, mas o item de serviços subiu 8,5% nos últimos 12 meses, com índice de difusão de 68,2%. Ou seja, mais de dois terços dos itens que compõem o setor de serviços estão aumentando de preço, e de forma acelerada. Será que os honorários de um advogado aumentam muito porque o preço do tomate subiu?
Enquanto a inflação foge do controle do governo, o Banco Central divulga ata negligente, sinalizando aumento reduzido nas taxas de juros à frente. E o governo continua adotando medidas paliativas, enquanto o BNDES jorra crédito no mercado. As medidas "macroprudenciais" são um tiro no escuro, e o governo está contando com a sorte de forma irresponsável. Ataca os efeitos, mas não mexe nas causas principais do problema. A economia segue superaquecida, com elevada capacidade utilizada, dados de emprego no limite, e fortes estímulos monetários, liderados pelo próprio governo.
O ministro Mantega tem aparecido em público para anúncios oficiais quase diariamente, comunicando novas medidas, como o recente aumento de IOF sobre crédito para pessoa física. A imagem que ele passa me remete aos desenhos animados de minha infância. Quando começava um vazamento, o personagem tentava, desesperado, tampar o buraco, apenas para ver outro buraco vazando. No final, ele estava todo enrolado, tampando buracos com as mãos e os pés, mas nada impedia o rompimento final do recipiente.
O IPCA de março divulgado esta semana ficou acima das expectativas do mercado. O ministro Mantega chegou a culpar a chuva pela alta dos preços dos alimentos. O governo parece ainda viver em negação da realidade. O IPCA já acumula alta de 2,44% no primeiro trimestre do ano, o que representa mais de 10% de inflação anualizada. Nos últimos 12 meses, a inflação já chega a 6,3%, muito perto do topo da meta do governo, que é 6,5%.
O governo e alguns analistas "chapa-branca" ainda culpam apenas as commodities pela inflação, mas o item de serviços subiu 8,5% nos últimos 12 meses, com índice de difusão de 68,2%. Ou seja, mais de dois terços dos itens que compõem o setor de serviços estão aumentando de preço, e de forma acelerada. Será que os honorários de um advogado aumentam muito porque o preço do tomate subiu?
Enquanto a inflação foge do controle do governo, o Banco Central divulga ata negligente, sinalizando aumento reduzido nas taxas de juros à frente. E o governo continua adotando medidas paliativas, enquanto o BNDES jorra crédito no mercado. As medidas "macroprudenciais" são um tiro no escuro, e o governo está contando com a sorte de forma irresponsável. Ataca os efeitos, mas não mexe nas causas principais do problema. A economia segue superaquecida, com elevada capacidade utilizada, dados de emprego no limite, e fortes estímulos monetários, liderados pelo próprio governo.
O ministro Mantega tem aparecido em público para anúncios oficiais quase diariamente, comunicando novas medidas, como o recente aumento de IOF sobre crédito para pessoa física. A imagem que ele passa me remete aos desenhos animados de minha infância. Quando começava um vazamento, o personagem tentava, desesperado, tampar o buraco, apenas para ver outro buraco vazando. No final, ele estava todo enrolado, tampando buracos com as mãos e os pés, mas nada impedia o rompimento final do recipiente.
Published on April 08, 2011 06:39
Chacina em Realengo
Rodrigo Constantino
Não quero comentar em detalhes a verdadeira tragédia em Realengo. Que aquelas tristes famílias possam sofrer em paz o luto de suas perdas, longe do oportunismo dos abutres de sempre.
Apenas destaco que é abominável ver certos "especialistas" tentando culpar A, B ou C pelo crime bárbaro. Uma psicóloga chegou a colocar a culpa do "bullying", modismo do momento. Outros condenam as armas, ignorando que o Estatuto do Desarmamento já completou sete anos de vida, e só não retirou as armas dos bandidos ou assassinos. Alguns adoram condenar a "cultura", especialmente quando o atentado se passa nos Estados Unidos.
Mas crimes como este já ocorreram nos Estados Unidos, na Escócia, em Israel, na China, e até na pacata Finlândia, mais de uma vez. Maluco é maluco, e os demais fatores podem, no máximo, fornecer o contexto. Não vamos apelar para o reducionismo ou culpar um fator específico qualquer. Somos obrigados a conviver num mundo em que barbaridades como esta podem ocorrer, sem uma causa aparente ou simples, e sem uma garantia segura para evitá-la.
Desde que o homem é homem, alguns demonstram quão monstruosa a espécie pode ser. O fato de tais atos produzirem profundo choque e consternação na imensa maioria, entretanto, nos dá alguma esperança no futuro. Mas sempre conviveremos com esses tais monstros entre nós. Eis um fato, por mais lamentável que seja.
Não quero comentar em detalhes a verdadeira tragédia em Realengo. Que aquelas tristes famílias possam sofrer em paz o luto de suas perdas, longe do oportunismo dos abutres de sempre.
Apenas destaco que é abominável ver certos "especialistas" tentando culpar A, B ou C pelo crime bárbaro. Uma psicóloga chegou a colocar a culpa do "bullying", modismo do momento. Outros condenam as armas, ignorando que o Estatuto do Desarmamento já completou sete anos de vida, e só não retirou as armas dos bandidos ou assassinos. Alguns adoram condenar a "cultura", especialmente quando o atentado se passa nos Estados Unidos.
Mas crimes como este já ocorreram nos Estados Unidos, na Escócia, em Israel, na China, e até na pacata Finlândia, mais de uma vez. Maluco é maluco, e os demais fatores podem, no máximo, fornecer o contexto. Não vamos apelar para o reducionismo ou culpar um fator específico qualquer. Somos obrigados a conviver num mundo em que barbaridades como esta podem ocorrer, sem uma causa aparente ou simples, e sem uma garantia segura para evitá-la.
Desde que o homem é homem, alguns demonstram quão monstruosa a espécie pode ser. O fato de tais atos produzirem profundo choque e consternação na imensa maioria, entretanto, nos dá alguma esperança no futuro. Mas sempre conviveremos com esses tais monstros entre nós. Eis um fato, por mais lamentável que seja.
Published on April 08, 2011 06:31
April 6, 2011
GPA e o "orgulho de ser brasileiro"

Na carta da administração do relatório anual de resultados do Grupo Pão de Açúcar (GPA), eis como o presidente, Enéas Pestana, finaliza:
"O Brasil não é apenas mais uma promessa. Nos próximos anos, muitos fatores - como a Copa do Mundo, as Olimpíadas, o bom momento do setor imobiliário e até mesmo os programas governamentais - vão aquecer o mercado consumidor, o que, na prática significa o aumento do poder de compra e a entrada de mais consumidores na classe média. [...] Nossa perspectiva de bons resultados reflete a expectativa positiva em relação ao desempenho da economia brasileira, reafirma nosso compromisso com a geração de novos empregos e a contribuição para o crescimento do país, reforçando o nosso ORGULHO DE SER BRASILEIRO."
As letras são garrafais mesmo. O ufanismo tomou conta do país. As grandes empresas, que tanto dependem do governo, agora focam nos empregos e no crescimento do país, com "orgulho de ser brasileiro". Abílio Diniz, presidente do conselho de administração do GPA, chegou a declarar publicamente sua profunda admiração por Dilma Rousseff na época da campanha eleitoral. O CADE precisa aprovar a compra da Casas Bahia, não vamos esquecer.
Seria o caso de perguntar: e o retorno aos acionistas, leitmotiv de qualquer empresa, onde fica? Foi-se o tempo em que as empresas tinham "apenas" a meta de gerar valor aos seus acionistas, seguindo as leis e valores éticos. Agora, o importante é contribuir com o "desenvolvimentismo" idealizado pelo governo, e claro, com "orgulho de ser brasileiro" (ignorando, naturalmente, que o grupo francês Casino é o segundo maior acionista do GPA, com quase a mesma participação que toda a família Diniz junta).
Brasil, um país de TOLOS.
Published on April 06, 2011 12:51
O presidente da Vale presidirá?
Editorial do Estadão
Escolhido para assumir a presidência da Vale, a maior companhia privada brasileira, o executivo Murilo Ferreira terá de atender a dois objetivos possivelmente incompatíveis - cuidar do crescimento da empresa e de sua rentabilidade e, ao mesmo tempo, agradar ao governo. Se for obediente à presidente Dilma Rousseff e aos políticos por ela autorizados a dar palpites, comprometerá o desempenho econômico da Vale e perderá a confiança dos acionistas privados. Se assumir a função como um preposto do Palácio do Planalto, acabará entrando no jogo do aparelhamento partidário e do empreguismo. Mas, se levar em conta só os critérios profissionais e se concentrar na gestão dos negócios, entrará em conflito com o Palácio do Planalto, ficará sujeito a pressões políticas e terá de lutar duramente, como lutou seu antecessor, Roger Agnelli, para não ser defenestrado. Poderá resistir até por muito tempo, mas a derrota será quase certa.
Ao escolher o nome do executivo Murilo Ferreira, os controladores da empresa levaram em conta esse duplo desafio. O administrador foi funcionário do grupo, presidiu a Vale Inco, no Canadá, e é conhecido no mercado. Ontem mesmo já houve manifestações de investidores a favor de seu nome. Além disso, ele presidiu a Albrás, empresa fabricante de alumínio e grande consumidora de eletricidade. Nessa condição, reuniu-se várias vezes com a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Murilo Ferreira, segundo fontes confiáveis, era o nome preferido da presidente da República para a sucessão de Roger Agnelli.
O problema do novo presidente da Vale, no entanto, não consistirá apenas em manter um difícil equilíbrio entre as demandas do mundo político e as do mercado. Muitos empresários importantes são forçados, ocasionalmente, a levar em conta os dois tipos de interesse. Mas o caso da Vale é especial. Como empresa privada, cresceu firmemente, multiplicou seus lucros e alcançou posições cada vez mais importantes no mercado global. Alimentou o Tesouro Nacional com volumes crescentes de impostos e tornou-se um fator de enorme importância estratégica para o País. Sem a Vale, a economia brasileira seria muito menos dinâmica e as contas externas, muito menos seguras.
Em outras palavras, a Vale, tal como foi administrada a partir da privatização, assumiu um papel cada vez mais importante para a realização dos objetivos nacionais. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, parece desconhecer esse fato.
Segundo ele, a Vale "precisa contribuir mais fortemente para os interesses do País". "A produção de aço no País", acrescentou, "é conveniente, é necessária ao povo brasileiro e à sociedade." Ele não explicou a diferença entre o povo brasileiro e a sociedade, mas esse pormenor é pouco relevante, no meio desse discurso lamentável. A produção de aço é importante, de fato, mas a siderurgia brasileira tem cumprido bem esse papel - e com sobras, porque há capacidade ociosa no setor.
O ministro parece ignorar também esse fato. Isso é compreensível. Reconduzido ao cargo por influência do senador José Sarney, ele deve preocupar-se com assuntos muito mais importantes, como a sujeição da Vale aos interesses políticos do Planalto e de seus aliados. O simples fato de o ministro Edison Lobão falar a respeito das obrigações da Vale é preocupante não só para os acionistas privados, mas para todos os brasileiros sérios. A ocupação do setor elétrico estatal pelo PMDB é fato bem conhecido. Outras estatais têm sido usadas, também, para servir aos aliados do governo. As consequências tornaram-se públicas, em alguns casos, depois da exibição de vídeos gravados durante sessões de bandalheiras.
Será esse o destino da Vale? A pergunta é mais que razoável, diante da experiência brasileira. Mas as perspectivas já são assustadoras, mesmo sem a hipótese da distribuição predatória de cargos. O governo quer forçar a companhia a investir segundo critérios voluntaristas - por exemplo, aumentando a capacidade ociosa do setor siderúrgico ou substituindo o Grupo Bertin no consórcio da Hidrelétrica de Belo Monte. Terá o novo presidente algo razoável para dizer sobre essas pretensões?
Escolhido para assumir a presidência da Vale, a maior companhia privada brasileira, o executivo Murilo Ferreira terá de atender a dois objetivos possivelmente incompatíveis - cuidar do crescimento da empresa e de sua rentabilidade e, ao mesmo tempo, agradar ao governo. Se for obediente à presidente Dilma Rousseff e aos políticos por ela autorizados a dar palpites, comprometerá o desempenho econômico da Vale e perderá a confiança dos acionistas privados. Se assumir a função como um preposto do Palácio do Planalto, acabará entrando no jogo do aparelhamento partidário e do empreguismo. Mas, se levar em conta só os critérios profissionais e se concentrar na gestão dos negócios, entrará em conflito com o Palácio do Planalto, ficará sujeito a pressões políticas e terá de lutar duramente, como lutou seu antecessor, Roger Agnelli, para não ser defenestrado. Poderá resistir até por muito tempo, mas a derrota será quase certa.
Ao escolher o nome do executivo Murilo Ferreira, os controladores da empresa levaram em conta esse duplo desafio. O administrador foi funcionário do grupo, presidiu a Vale Inco, no Canadá, e é conhecido no mercado. Ontem mesmo já houve manifestações de investidores a favor de seu nome. Além disso, ele presidiu a Albrás, empresa fabricante de alumínio e grande consumidora de eletricidade. Nessa condição, reuniu-se várias vezes com a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Murilo Ferreira, segundo fontes confiáveis, era o nome preferido da presidente da República para a sucessão de Roger Agnelli.
O problema do novo presidente da Vale, no entanto, não consistirá apenas em manter um difícil equilíbrio entre as demandas do mundo político e as do mercado. Muitos empresários importantes são forçados, ocasionalmente, a levar em conta os dois tipos de interesse. Mas o caso da Vale é especial. Como empresa privada, cresceu firmemente, multiplicou seus lucros e alcançou posições cada vez mais importantes no mercado global. Alimentou o Tesouro Nacional com volumes crescentes de impostos e tornou-se um fator de enorme importância estratégica para o País. Sem a Vale, a economia brasileira seria muito menos dinâmica e as contas externas, muito menos seguras.
Em outras palavras, a Vale, tal como foi administrada a partir da privatização, assumiu um papel cada vez mais importante para a realização dos objetivos nacionais. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, parece desconhecer esse fato.
Segundo ele, a Vale "precisa contribuir mais fortemente para os interesses do País". "A produção de aço no País", acrescentou, "é conveniente, é necessária ao povo brasileiro e à sociedade." Ele não explicou a diferença entre o povo brasileiro e a sociedade, mas esse pormenor é pouco relevante, no meio desse discurso lamentável. A produção de aço é importante, de fato, mas a siderurgia brasileira tem cumprido bem esse papel - e com sobras, porque há capacidade ociosa no setor.
O ministro parece ignorar também esse fato. Isso é compreensível. Reconduzido ao cargo por influência do senador José Sarney, ele deve preocupar-se com assuntos muito mais importantes, como a sujeição da Vale aos interesses políticos do Planalto e de seus aliados. O simples fato de o ministro Edison Lobão falar a respeito das obrigações da Vale é preocupante não só para os acionistas privados, mas para todos os brasileiros sérios. A ocupação do setor elétrico estatal pelo PMDB é fato bem conhecido. Outras estatais têm sido usadas, também, para servir aos aliados do governo. As consequências tornaram-se públicas, em alguns casos, depois da exibição de vídeos gravados durante sessões de bandalheiras.
Será esse o destino da Vale? A pergunta é mais que razoável, diante da experiência brasileira. Mas as perspectivas já são assustadoras, mesmo sem a hipótese da distribuição predatória de cargos. O governo quer forçar a companhia a investir segundo critérios voluntaristas - por exemplo, aumentando a capacidade ociosa do setor siderúrgico ou substituindo o Grupo Bertin no consórcio da Hidrelétrica de Belo Monte. Terá o novo presidente algo razoável para dizer sobre essas pretensões?
Published on April 06, 2011 08:19
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